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Mundo Fechamento da fronteira Colômbia-Venezuela separa famílias

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Centenas de colombianos saíram da Venezuela carregando seus pertences. (Foto: Reprodução)

Como a maioria dos moradores do Estado de Táchira, no extremo oeste da Venezuela, o funcionário público Luis Leoncio, de 41 anos, tem laços fusionais com a vizinha Colômbia.

Seu pai é colombiano, como muitos amigos seus. Sua música preferida é o vallenato, “sertanejo” típico da Colômbia. Num traço típico dos Andes, Luis pronuncia os “s” em vez de aspirá-los, como fazem os caribenhos.

“Nós, tachirenses, somos mais parecidos com os colombianos do que com as pessoas de Caracas”, diz Luis.

Desde pequeno, ele se acostumou a cruzar com naturalidade o posto de fronteira de San Antonio Del Táchira, cidadezinha de 60 mil habitantes conhecida por ser epicentro da convergência cultural e econômica entre os dois países. Na agitada aglomeração, é comum moradores terem dupla cidadania.

Mas há pouco menos de duas semanas, a passagem de San Antonio Del Táchira foi trancada por ordem do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em resposta a um ataque a bala que feriu três soldados em patrulha nas montanhas entre os dois países. Desde então, a fronteira foi fechada em ao menos seis outros pontos.

“LIMPAR A ÁREA”

Maduro atribuiu o atentado a contrabandistas do país vizinho. Alegando necessidade de “limpar a área”, o presidente decretou estado de exceção em seis municípios fronteiriços e mandou deportar mais de 1.100 colombianos nos últimos dias.

Outros 5.000 fugiram após serem intimidados por militares que ocuparam a área e marcaram com “D”, de demolição, dezenas de barracos de uma favela onde viviam colombianos.

Famílias foram dilaceradas, com pais colombianos deixando para trás filhos pequenos com cidadania venezuelana por terem nascido em Táchira. As crianças são cuidadas por parentes ou vizinhos.

Maduro ignora acusações de que tenta atiçar o ufanismo e desviar o foco da crise econômica antes da eleição parlamentar de 6 de dezembro e diz que os deportados eram clandestinos ou faziam contrabando e narcotráfico.

Moradores colombianos e venezuelanos admitem viver de comércio “de passo” (contrabando), mas afirmam que a economia local depende disso. Dizem que a polícia sempre foi cúmplice ao extorquir mercadorias e exigir propina dos comerciantes.

Tradicionalmente, venezuelanos vendem sua gasolina, a mais barata do mundo, no outro lado da fronteira, enquanto colombianos vão à Venezuela para comprar alimentos a preço subsidiado.

5 MILHÕES

O acesso a produtos tabelados explica em grande parte o fato de mais de 5 milhões de colombianos, a maioria de baixa renda, continuarem vivendo na Venezuela, apesar do desabastecimento generalizado e da violência semelhante à de países em guerra.

A integração é tamanha que o peso, moeda colombiana, circula com naturalidade em cidades de Táchira. A praxe dos empresários de San Antonio Del Táchira é pagar em pesos os melhores funcionários colombianos, mas essa mão de obra desapareceu após as medidas de Maduro.

Em vez de diminuir filas, o bloqueio aumentou o caos nos mercados populares, tomados por multidões que querem estocar produtos diante das incertezas políticas.

“A integração da vizinhança sofreu um golpe duríssimo. É uma situação profundamente traumática para a população dos dois lados da fronteira”, diz José Rozo, da Câmara de Comércio de San Antonio Del Táchira.

“Bolívar era integracionista, e Maduro, que diz seguir seus passos, é desintegracionista e incita a xenofobia contra o povo de sua família”, diz Walter Márquez, deputado opositor por Táchira.

ALTOS E BAIXOS

As ações de Maduro são parte de uma trajetória de altos e baixos entre os países.

Os dois, por impulso de Simon Bolívar, chegaram a ser um só Estado (de 1819 a 1835).

Separados, iniciaram disputas territoriais e tiveram picos de tensão, como na época de Hugo Chávez (1999-2013), que apoiava a guerrilha colombiana das Farc.

Dois líderes históricos colombianos tiveram avôs venezuelanos: Francisco Santander, presidente da República da Nova Granada que antecedeu a Colômbia (1832-1837), e Virgílio Barco Vargas (1986-1990). Sete presidentes da Venezuela nasceram e se criaram na fronteira.

Maduro nega rumores de que nasceu na Colômbia. (Samy Adghirni/Folhapress)

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