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Notícias Fernando Henrique Cardoso cita a pressão para nomear “ladrões” em seu início de governo

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FHC diz ter sido avisado que a Petrobras era “um escândalo”. (Foto: Divulgação)

Problemas na Petrobras e a dificuldade de montar seu Ministério, em meio à pressão dos partidos aliados por nomeações, foram questões que preocuparam o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nos dois primeiros anos de seu governo, segundo o livro “Diários da Presidência”, com a compilação de gravações feitas pelo próprio FHC de 1995 a 1996. A obra será lançada, na quinta-feira, pela editora Companhia das Letras.

Escândalo na Petrobras.

Em 16 de outubro de 1996, FHC é avisado que a Petrobras era um “escândalo”. O tucano constata ser caso para intervenção na estatal, mas confidencia que não a faria. O alerta foi feito em um almoço pelo dono da Companhia Siderúrgica Nacional, Benjamim Steinbruch, que havia sido nomeado para o Conselho de Administração da estatal.

Emenda da reeleição.

Relatos do ex-presidente indicam que a discussão sobre a emenda da reeleição começou seis meses após o início do seu governo. A primeira referência que ele faz ao tema em seu diário foi em 11 de julho de 1995, durante conversa com um deputado do PSDB na qual FHC se disse favorável à reeleição. Ele fala em “chantagem”, sem detalhar. Até 1996, FHC não se posiciona se seria candidato a um novo mandato. Pelo contrário, às vezes, demonstra irritação e cansaço com as negociações. “A luta está ficando cada vez mais surda e também suja. […] Não estou morrendo de amores por ficar aqui. Começa a ser tedioso estar na Presidência”. A emenda da reeleição foi aprovada, em 1997, sob suspeita de compra de votos.

Toma lá dá cá.

No primeiro ano de governo, o ex-presidente reclama da frequência com que parlamentares pedem nomeações de seus afilhados para cargos de segundo e terceiro escalões, em troca de apoio em votações no Congresso. Em 31 de maio de 1995, ele relata uma das reuniões com ministros para discutir as nomeações: “No fim da tarde estive […] naquelas infindáveis discussões sobre nomeações, alguns são ladrões e nós temos algumas provas. […] É vergonhoso, mas é assim”. Entre os políticos que pediram nomeações, ele cita José Sarney, Valdemar Costa Neto, Jader Barbalho, Wellington Moreira Franco e Michel Temer. O pedido do atual vice-presidente é revelado em gravação de 3 de outubro de 1995. Temer teria pedido a indicação de um protegido seu para o fundo de pensão dos portuários. “É para ser mais solidário com o governo, ele quer também alguma achega pessoal nessa questão de nomeações. É sempre assim.” Procurado, Temer não quis comentar a citação.

Dificuldades com o PMDB.

A relação com o PMDB não foi fácil. FHC se mostra incomodado e, às vezes, profundamente irritado com o comportamento do partido em votações no Congresso. Faz crítica a caciques do partido, como Sarney, que presidia o Senado: “No Senado temos 50 votos seguros, o que dá dois terços. Tenho medo da Câmara e do PMDB, porque aí tem manobra. Tem manobra do Sarney”. E reclama: “Estou perdendo muito tempo com o Congresso, com nhem-nhem-nhem, como eu digo”.

PT e Lula.

Há poucas referências a Lula neste primeiro volume do diário. Uma delas é quando faz avaliação sobre o PT na oposição. O então presidente diz em 25 de julho de 1996: “A razão pela qual o Lula não constituiu um polo de oposição viável é a falta de um projeto, mas também porque o PT é um partido excludente. Ele não faz alianças”.

Os primeiros escândalos.

Os dois primeiros escândalos do governo FHC (o Caso Sivam, que envolvia contratos do sistema de monitoramento da Amazônia, e a “Pasta Rosa”, lista de políticos financiados pelo Banco Econômico) estão registrados nas gravações. Diz que os “amigos” é quem podem desestabilizar o governo: “Os governos arrebentam pela fragilidade dos amigos próximos. Os inimigos dão menos trabalho do que os amigos próximos. Todo mundo sabe disso, mas é duro sentir na pele”.

O ex-presidente e a mídia.

O primeiro volume de “Diários da Presidência” mostra como foi a relação do ex-presidente com a imprensa em 1995/96. Em 20 de março de 1995, ele diz que a imprensa faz mais oposição do que os adversários: “Até esse momento não tenho oposição política. Tenho oposição difusa, e a imprensa, que é uma espécie de Promotoria Geral, quer acusar em nome da sociedade, sem objetivo político definido”.

Vazamentos de conversas também o irritaram. Em junho de 1995, em meio à discussão sobre impostos para importação de carros da Argentina, ele relata como reportagens podem prejudicar a relação entre o então ministro do Planejamento, José Serra, e o da Fazenda, Pedro Malan: “Serra diz que foi a Fazenda que vazou, Malan diz que foi o Serra que soltou para dar aos parlamentares. Os dois devem ter vazado”. (AG)

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