Sexta-feira, 30 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 28 de maio de 2025
A fila real do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) – ou seja, a que inclui demandas que não entram na chamada fila oficial do instituto – ultrapassou a marca de 10 milhões de requerimentos em março. O número equivale a quase quatro vezes o tamanho da fila oficial, divulgada pela autarquia: com 2,7 milhões de pessoas.
Nos últimos anos, o INSS tem divulgado a fila oficial com base nos pedidos de aposentadorias, pensões, auxílio-reclusão, salário-maternidade, benefício por incapacidade, benefícios assistenciais e benefícios concedidos por legislação específica (BLE).
Ou seja, o instituto não incluiu na chamada fila oficial categorias de demandas que estão no topo da lista de pedidos represados, como o seguro defeso, benefício pago a pescadores artesanais a locais em que a pesca é proibida durante o período de reprodução dos peixes.
Também não entram nessa conta os requerimentos de recursos que cidadãos fazem contra decisões de INSS, como a negativa de benefícios, por exemplo.
A reportagem da Globonews teve acesso a dados inéditos do instituto sobre os pedidos pendentes de análise. Ao todo, são 39 categorias de solicitações acumuladas que a autarquia precisa resolver.
Em nota, o INSS informou que “os demais itens citados possuem natureza distinta e, por serem demandas internas, sazonais ou de responsabilidade de outros órgãos, não compõem a estatística de requerimentos de novos benefícios”.
A soma de todas essas pendências na fila alcançou a marca de 10.146.658 demandas em março de 2025.
Do total de pedidos, 7.366.511 permanecem na fila há mais de 45 dias, prazo máximo definido em lei para que o INSS conclua a análise dessas demandas. O número representa 72,6% do total.
Além disso, o tempo médio de resolução das demandas é de 468 dias, ou seja, de mais de um ano e três meses.
Fora da lista oficial
Em março de 2025, a fila oficial bateu o recorde histórico, chegando a 2.707.296 pedidos. Em abril, houve um pequeno recuo: e passou para 2.678.584 requerimentos.
No entanto, requerimentos que ocupam lugares significativos no ranking não entram na lista.
É o caso das seguintes demandas:
– Requerimentos de recursos que cidadãos fazem contra decisões de INSS, como a negativa de benefícios, por exemplo. Esta demanda ocupa o 2° lugar no ranking.
– A autarquia também acumula mais de um milhão de pendências no MOB (Monitoramento Operacional de Benefícios), programa do INSS que visa investigar fraudes e irregularidades nos benefícios.
– Historicamente, mais da metade dos benefícios que estão no MOB são objeto de fraude. As pendências no MOB ocupam o 3° lugar na lista.
– Requerimentos de seguro defeso, que não entram nessa lista, ocupam o 4° lugar no ranking dos pedidos com maior acúmulo.
– Pedidos de revisões de benefícios, em 5° lugar na lista, também não entram na conta.
– Outro tópico que não entra na fila oficial é a “Qualificação da Folha”, o 6 do ranking. Esse item diz respeito a cadastros com erros de informação que podem impactar no valor do benefício ou das contribuições à previdência.
Tempo médio
O levantamento traz detalhes também do tempo médio de resolução para cada demanda.
No caso dos recursos, o tempo médio é de 845 dias para uma resolução. Isso quer dizer que alguém, cujo pedido de benefício foi negado e apresenta um recurso, leva quase dois anos e meio para ter uma resposta.
Já os pedidos de seguro defeso demoram, em média, 356 dias para uma conclusão.
O tempo médio para resolver as pendências no MOB é de 853 dias.
São benefícios com suspeitas de fraude que levam cerca de dois anos e meio para uma resolução.
O item com maior lentidão para resolução é a qualificação da folha, com 1.145 dias.