Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de janeiro de 2021
Na definição feita pelo antropólogo Hermano Vianna no livro “Mundo funk carioca”, nativos são aqueles que vieram, de fato, de comunidades carentes e seus arredores — e cantando a realidade desses lugares, em cima de batidas eletrônicas de DJs como Marlboro, criaram os pilares do funk do Rio. Luana Carvalho admite que está longe disso. Branca, de classe média alta, moradora da Gávea, a cantora e compositora se vê como entusiasta e defensora dos batidões, bandeira que levanta no álbum “Segue o baile”, que chega nesta quarta-feira (20), Dia de São Sebastião, ao streaming.
“Quando lancei o single “Rap do solitário”, já teve gente falando “lá vem o funk gourmet”. A gente faz com todo o carinho e respeito, mas sabendo que vai ouvir”, admite Luana, filha da madrinha do samba Beth Carvalho (1946-2019) com o ex-jogador Édson Cegonha. “Minha mãe saiu da Zona Sul para virar ícone do samba, respeitada no morro e no asfalto. Não sei em que medida o que ela fez seria visto como apropriação cultural hoje em dia… Mas não me proponho a inventar nem revolucionar nada, só cantar um repertório sentimental para mim.”
Luana explica que ouviu opiniões antes de lançar o disco, que nasceu após elogios em seu Instagram: “Eu consultei muita gente que poderia problematizar a situação, líderes de movimentos antirracistas, era importante eu entender quais seriam os argumentos contra essa ideia. Não desmereço discussões fundamentais como apropriação, lugar de fala, mas defendo uma licença poética”.