Sábado, 14 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 23 de junho de 2015
Wagner Moura estará vestido com “as roupas e as armas” de Pablo Escobar, maior narcotraficante da América Latina, na série “Narcos”, de José Padilha, que estreia em breve no Netflix. O ator se mudou para Medellín, na Colômbia, a fim de aprimorar o castelhano, engordou e caprichou no bigode para ficar mais parecido com ‘El Patrón del Mal’. Ele só não foi buscar referências com um dos que mais poderiam contribuir no processo de composição de seu personagem, reclama Juan Pablo Escobar, filho do traficante. “Fiquei sabendo da série e me ofereci voluntariamente para colaborar com informações, tentei entrar em contato com produtores, mas nunca me responderam. É muito claro que eles querem manipular a história do meu pai”, disse Juan.
Ele criticou a série encomendada pelo Netflix e garantiu não ter participado de nada da produção. “Não vi nenhuma cena, nem sei se está terminada. Eles preferiram uma versão gringa. Certamente, vocês vão ver franco-atiradores, a quilômetros de distância, matando meu pai. Essa história não é real. Ninguém nunca respondeu aos meus contatos. Essa série é mentirosa, não respeita a verdade. Eu desconfiaria de qualquer coisa que fala sobre a vida de alguém sem que seus familiares tenham sido ouvidos”, alfinetou.
A assessoria do Netflix informou não saber se a série foi finalizada, apenas confirmou que a estreia acontece nos próximos meses. Em entrevista, o diretor José Padilha afirmou que sua versão tem uma visão americanizada: “Estamos contando a história do ponto de vista da DEA (agência antidrogas dos Estados Unidos), que estava na Colômbia monitorando, forçando o país a se livrar do Escobar.”
O episódio sobre a morte do pai (que aconteceu em 1993, quando ele tinha 16 anos) é um dos que mais parecem lhe incomodar. “Temos certeza de que ele se suicidou, mas a Colômbia perde se contar a verdadeira versão. Meu pai falava de suicídio na mesa do jantar, ele pesquisou com médicos onde teria que dar o tiro para que fosse fatal. Repetia que a arma dele tinha 15 balas, que 14 delas seriam dos inimigos e a última seria dele. E foi. O tiro que o matou estava a três milímetros de onde ele sabia que era para atirar”, explicou.
Acostumado a uma vida luxuosa quando criança, Juan Pablo hoje tem uma rotina modesta na Argentina, onde trabalha como arquiteto. “A pergunta sobre o que restou da nossa fortuna você tem que fazer aos inimigos do meu pai”, disse. “Uma vez, quis saber quanto dinheiro meu pai tinha. Ele me respondeu que chegou a ter tanto que perdeu as contas. Imagino algo maior que 150 milhões de dólares, entre aviões, helicópteros, carros, motos, casas, terrenos, edifícios inteiros. Não há uma cifra exata, porque na máfia não há registros.”
Juan, que tem 38 anos, garante não ter nenhum valor que ultrapasse três dígitos em sua conta bancária. “Assim que meu pai morreu, houve uma série de reuniões com cartéis para definir o que seria feito com o que tínhamos. Eram pessoas nos cobrando tudo o que gastaram atrás do meu pai. Colocaram as armas na mesa e falaram: ou entregam ou morrem. Tive dez dias para entregar tudo”, lamentou. (AD)