Quinta-feira, 25 de dezembro de 2025
Por Tito Guarniere | 20 de dezembro de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Chegamos ao final do ano em trapos. Impressão minha ou este País caminha para trás miseravelmente, em todos os flancos?
Do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que atuou com rigor para a condenação dos golpistas de janeiro de 2023, descobriu-se que a esposa, doutora Viviane Barci de Moraes, foi contratada pelo Banco Master e pelo notório Daniel Vorcaro, pela bagatela de R$ 129 milhões de honorários.
O Master e senhor Vorcaro, deram um belo tombo na praça, e tem um contencioso impagável para explicar. Chusmas de apelos, recursos, pedidos de liminar, em grande parte vão transitar no STF. Não é ilegal à mulher de ministro advogar. Mas não basta à mulher de César ser honesta, ele tem de parecer honesta.
É hora boa para Moraes e a doutora Viviane saírem dessa, uma vez que Donald Trump retirou o ministro e sua esposa das sanções da Lei Magnitsky.
Outro ministro do STF, Dias Toffoli, fez pior: pegou uma carona em jatinho particular para assistir a final da Libertadores em Lima. No mesmo jatinho estava um advogado do banco Master. Na volta, Toffoli decidiu sozinho que documentos sigilosos em poder da CPMI do INSS não poderão ser analisados até a decisão definitiva do STF.
O decano da Corte Suprema, Gilmar Mendes, em liminar monocrática, suspendeu um direito que era de todo cidadão, de pedir o impeachment de ministro do STF, determinando que tal prerrogativa passaria a ser exclusiva da Procuradoria-Geral da República.
Dois dias depois, em “acordo” feito com o Senado, deu o dito por não dito, e revogou a própria liminar. Não está – todos sabemos e Mendes também sabe – entre as atribuições de ministro do STF fazer esse tipo de acordo. O decano revogou sozinho um texto de lei, ele que é do STF, e tem como primeira obrigação fazer respeitar a lei.
É surpreendente e revelador como decisões monocráticas de ilustres membros do STF podem ser superficiais.
Na política, enquanto a direita e o bolsonarismo acumulam derrotas humilhantes, Lula nada de braçada – dá a impressão que vai concorrer sozinho.
Mas o presidente quer tudo bem assegurado em 2026. E faz dois acenos generosos para o povo brasileiro. Um deles é tornar gratuito o transporte urbano municipal. Tem um pequeno problema: o custo de tal benesse, jamais antes sonhada por qualquer governante fora do Brasil. Os cálculos variam de R$ 90 bilhões por ano até R$ 200 bilhões. Ninguém sabe ao certo. Mas posso lhes garantir que é muito, muito dinheiro.
Claro, em última análise não é bem um favor: alguém vai ter de pagar a conta. E será o povo brasileiro, o mesmo que supostamente vai se beneficiar da medida. Aqui se recebe, aqui se paga. Dá com uma mão, tira com outra. Mas ficará o mito para ser cultivado pelos séculos afora, de que Lula, – e somente poderia ser ele – tornou “gratuito” o transporte de massas das cidades.
O outro será acabar com a jornada de 6×1. Um cálculo modesto estima que isso aumentará os custos sociais e trabalhistas das empresas em 18 por cento. As empresas, obviamente, vão repassar esse custo para os produtos e serviços. E de novo, ali na frente, quem pagará pelo favor serão os seus supostos beneficiários.
(titoguarniere@terra.com.br)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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