Domingo, 01 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 31 de maio de 2025
O cenário acontece apesar da retomada de entregas limitadas de ajuda humanitária no enclave palestino.
Foto: ReproduçãoA situação na Faixa de Gaza é a pior desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, informou a Organização das Nações Unidas (ONU) nessa sexta-feira (30). O cenário acontece apesar da retomada de entregas limitadas de ajuda humanitária no enclave palestino, onde a fome se alastra.
Sob crescente pressão global, Israel encerrou um bloqueio de 11 semanas em Gaza permitindo a retomada de operações limitadas lideradas pela ONU. Na última segunda-feira (26), também foi lançada uma nova via para a distribuição de ajuda: a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelos Estados Unidos e Israel.
“Qualquer ajuda que chegue às mãos de quem precisa é boa”, disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, a repórteres em Nova York. Mas, acrescentou, as entregas de ajuda, até agora, tiveram “impacto muito, muito pequeno”.
A ONU e grupos humanitários internacionais se recusaram a trabalhar com o GHF, alegando que a fundação não é neutra e tem um modelo de distribuição que força o deslocamento de palestinos. Israel quer, em última análise, que a ONU trabalhe por meio da GHF, que utiliza empresas privadas de segurança e logística dos EUA para transportar ajuda para Gaza, para distribuição por equipes civis nos chamados locais de distribuição seguros.
No entanto, Israel permitirá a entrega de ajuda “no futuro imediato” tanto pela ONU quanto pelas operações da GHF, afirmou o embaixador israelense na ONU, Danny Danon, esta semana. A GHF afirmou nessa sexta-feira que, até o momento, conseguiu distribuir mais de 2,1 milhões de refeições.
Israel há muito tempo acusa o Hamas de roubar ajuda, o que o grupo nega. A guerra em Gaza dura desde 2023, quando combatentes do Hamas mataram 1.200 pessoas em Israel e fizeram cerca de 250 reféns, segundo dados israelenses, e Israel respondeu com uma campanha militar que matou mais de 54.000 palestinos, segundo autoridades de saúde de Gaza.
A ONU afirma que, nos últimos 12 dias, conseguiu transportar apenas cerca de 200 caminhões de ajuda humanitária para Gaza, prejudicados pela insegurança e pelas restrições de acesso israelenses.
Não ficou imediatamente claro quanto dessa ajuda chegou aos necessitados. A ONU afirmou que alguns caminhões e um depósito do Programa Mundial de Alimentos também foram saqueados por pessoas desesperadas e famintas.
Funcionários da ONU também criticaram as limitações israelenses quanto ao tipo de ajuda que podem fornecer.
“As autoridades israelenses não nos permitiram trazer uma única refeição pronta para consumo. O único alimento permitido foi farinha para padarias. Mesmo que fosse permitido em quantidades ilimitadas, o que não aconteceu, não representaria uma dieta completa para ninguém”, disse Eri Kaneko, porta-voz da ONU para assuntos humanitários.
Alguns dos beneficiários da ajuda da GHF disseram que os pacotes incluem arroz, farinha, feijão enlatado, macarrão, azeite, biscoitos e açúcar.
Em um processo complexo, Israel inspeciona e libera os carregamentos de ajuda, que são então transportados para o lado palestino da passagem de Kerem Shalom. Lá, a ajuda é descarregada e depois recarregada em outros caminhões para transporte até armazéns em Gaza.