Choderlos de Laclos foi um general francês do século XVIII que escrevia obras refinadas para escapar do tédio da caserna. Uma das mais conhecidas é “As Ligações Perigosas”. (Foto: reprodução)
Gasparotto
“Reconheço nisso a vossa teimosia, que só sabe desejar o
que acredita não poder obter.”
Choderlos de Laclos
A colunista Rosane de Oliveira, em sua página da edição da Zero Hora desta terça-feira, ilustrou bem a matéria a respeito da amizade de Eike Batista e do ex-governador Sérgio Cabral, com uma foto instigante dos dois trocando segredos. Perfeito foi o título: “Ligações Perigosas”. Relembrei o esplêndido livro de Pierre Ambroise François Choderlos de Laclos, um militar do século XVIII que escapava do tédio escrevendo obras como “Les liaisons dangereuses” em forma de missivas altamente eróticas.
Consta que a Rainha Maria Antonieta leu o texto camuflado sob a capa de uma Bíblia, pois era proibido. O enredo se encerra com o castigo à amoralidade da Marquesa de Merteuil e do Visconde de Valmont, personagens que trocam cartas no enredo, como ocorre agora com Eike e Cabral, encerrados no presídio de Bangu, no Rio de Janeiro.
Voltando às amenidades: a melhor versão do texto em filme, na minha avaliação, é a produção ítalo-francêsa de 1959, dirigida por Roger Vadin, e tendo como atores Jeanne Moreau, Gérard Philipe e Jean-Louis Trintignant. La Moreau namorava Pierre Cardin, o italiano Pietro Cardino, que foi o autor dos trajes dela, pois o filme foi transposto para aquela década, e não ao século XVIII. Inoubliable.
Uma das ilustrações antigas relacionada às “Ligações Perigosas”, escrita em forma de correspondência entre um casal de aristocratas. (Foto: reprodução)