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Brasil Funcionárias relatam casos de abusos sexuais e morais na Petrobras

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Uma funcionária contou que dormia com uma chave de fenda para se proteger. (Foto: Reprodução)

Há mais de uma década acontecem casos de assédio sexual na Petrobras, e a cultura corporativa da empresa pouco mudou nos anos mais recentes. Há relatos sobre funcionários homens que ligam de dentro da plataforma para as mulheres enquanto se masturbam, enviam mensagens de teor sexual nas redes sociais e tentam beijar à força trabalhadoras, além de constrangimentos no dia a dia, que configuram assédio moral.

As primeiras denúncias surgiram na imprensa quando foram reveladas mensagens enviadas por funcionárias da Petrobras em um grupo no WhatsApp. Algumas delas diziam que a Ouvidoria da estatal não toma medidas eficazes para coibir os abusos, limitando-se a transferir o assediador ou a vítima de setor.

Os relatos foram confirmados por oito pessoas, entre funcionários e ex-empregados da Petrobras ou de terceirizadas, que descrevem um ambiente de trabalho hostil às mulheres.

Segundo o último relatório da Petrobras, de 2021, as mulheres são apenas 16,9% entre os 38.694 empregados. A petroleira conta ainda com 92.401 trabalhadores terceirizados, dos quais 14% são mulheres.

“Meu gerente falou que não gosta de trabalhar com mulher. Você acha que ele está preparado para lidar com uma denúncia de assédio? Ele vai achar que o problema é a mulher”, disse B., funcionária da Petrobras há 14 anos.

Chave de fenda

Em 2015, B. começou a ser perseguida na plataforma por um funcionário. Sempre que abria a porta do camarote (nome dado aos quartos), ele estava lá. Os dois nunca se falaram pessoalmente, mas o homem mandou várias mensagens no Facebook falando sobre sexo.

Ela respondeu que não queria contato e ameaçou fazer reproduções da tela para denunciar. Depois, teve medo e não procurou a Ouvidoria. A técnica em segurança do trabalho lembra que foi assediada pela primeira vez logo no seu primeiro embarque. De noite, estava sozinha no quarto e um homem telefonou gemendo.

“Ele ligava e eu sempre desligava. Mas, um dia, ele disse que eu estava sozinha e falou: ‘talvez eu te visite’. Passei a dormir com uma chave de fenda embaixo do travesseiro para me proteger”, contou.

Predadores

C., que trabalha na empresa há onze anos, disse que teve medo na sua primeira noite embarcada porque não é permitido trancar a porta do camarote. “Eu tranquei. Uma homarada me olhando daquele jeito, como se fossem caçadores na floresta”, contou.

Anos mais tarde, C. se ofereceu para ser testemunha em um caso de assédio contra uma terceirizada na plataforma. Um mestre de cabotagem havia agarrado e tentado beijar a funcionária dentro da sala de segurança. Na hora, a mulher “deu um murro” nele e ameaçou denunciar. O homem respondeu que ela já “queria isso há muito tempo”.

Nudez

Paula de Carvalho Pego, de 43 anos, chegou na Petrobras em 2002 e diz que os problemas de assédio eram piores nessa época. Ela conta que os homens ficavam pelados na sala de controle e assistiam pornografia nos computadores da empresa.

“Eles achavam normal andar pelado. Eu chegava no trabalho e me perguntavam se eu transei muito na noite anterior, falavam da minha bunda abertamente. Tinha colegas folheando uma pilha de revistas pornográficas do meu lado. Cansei de ir na cabine de controle e alguém estar vendo pornô”, contou a técnica de operações.

Assédio moral

Todas as mulheres confirmam que o assédio moral é outro problema crônico na empresa. Muitas ainda acrescentaram que a Ouvidoria não funciona. C. foi testemunha em uma investigação de assédio moral após ver uma técnica de enfermagem ser perseguida e humilhada por um gerente, que a pressionava para abrir mão de exigências sanitárias relacionadas à alimentação na plataforma. Depois da denúncia, C. descobriu que a pessoa responsável pelo caso era outro gerente, amigo do denunciado.

Uma fiscal disse que a Ouvidoria não tem garantia de anonimato. Segundo ela, que tem 22 anos de empresa, com as perguntas feitas pela equipe da Ouvidoria, é possível, na prática, descobrir quem fez a denúncia.

Mudança

No dia 20 de abril, a Petrobras anunciou um novo canal de atendimento psicológico 24 horas e diminuiu o prazo de apuração das denúncias para 60 dias. Além disso, um representante indicado pela vítima poderá acompanhar a investigação. As medidas foram sugeridas pelo Grupo de Trabalho criado pela empresa para rever procedimentos internos. O comitê se reporta à Diretoria Executiva, que conta com apenas uma mulher entre suas nove cadeiras:

“Mas a questão não é o prazo, mas como é a apuração, que deve ser profunda. Não se fala em criação de um regulamento punitivo”, disse o advogado de Direito Empresarial, Gabriel de Britto Silva.

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https://www.osul.com.br/funcionarias-relatam-casos-de-abusos-sexuais-e-morais-na-petrobras/ Funcionárias relatam casos de abusos sexuais e morais na Petrobras 2023-04-29
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