Por Redação O Sul | 5 de outubro de 2017
Após 16 dias de mobilização, os sindicatos dos trabalhadores dos Correios de São Paulo e Rio de Janeiro aprovaram, em assembleia-geral nessa quinta-feira, a suspensão da greve da categoria. Em postagem no Facebook, a entidade paulistana atribuiu a decisão à “conjuntura desfavorável” e fez críticas ao TST (Tribunal Superior do Trabalho).
“A conjuntura desfavorável e a postura do TST, que mais determinou do que mediou ou conciliou, foram determinantes para levar a maioria a entender que continuar a greve seria entrar em uma guerra que exigiria forças e sacrifícios imensos por parte da categoria”, frisou o texto publicado pela entidade.
Durante o encontro, os trabalhadores aprovaram a proposta de conciliação feita pelo TST, que prevê um reajuste salarial de 2,07% e a manutenção das cláusulas do acordo coletivo por um período de dois anos. Também ficou determinado que os grevistas terão que repor, até dezembro, os dias parados. Serão compensadas até 64 horas, sendo seis horas aos sábados.
“A manutenção do acordo coletivo na íntegra, um mês antes da reforma trabalhista entrar em vigor, foi o mais importante nesse momento, pois garante nossos direitos conquistados em muitos anos de luta, que estavam seriamente abraçados”, diz o sindicato.
A greve atingia 14 dos 108 mil funcionários dos Correios na manhã dessa quinta-feira. O retorno ao trabalho deve ocorrer já neste sábado. Sindicatos de outras localidades estão realizando assembleias ao longo desta sexta-feira para avaliar a proposta do TST.
Intervenção
Nesta semana, não foi só a greve que colocou os Correios em destaque no noticiário nacional. Isso porque a Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), vinculada ao Ministério da Fazenda, decretou a intervenção no deficitário fundo de pensão dos funcionários da estatal, por um prazo de pelo menos 180 dias, definido em uma portaria publicada na edição de quarta-feira do Diário Oficial da União.
De acordo com a autarquia, a intervenção foi decretada “em especial, por descumprimento de normas relacionadas à contabilização de reservas técnicas e aplicação de recursos”.
O Postalis é um dos maiores fundos de pensão do Brasil no que se refere ao número de participantes, com mais de 155 mil matrículas, mas tem registrado sucessivos déficits desde de 2011, quando passou a fazer apostas de investimentos que se mostrariam equivocadas.
Quem acabou pagando a conta foram o governo federal e os funcionários da estatal, por meio de descontos em seus salários, a fim de cobrir o rombo. Não faltaram protestos em relação ao fato.
No último ano, o MPF (Ministério Público Federal) acusou oito pessoas de cometer fraudes que, no período entre 2006 e 2011, geraram prejuízos de 140 milhões de dólares (mais de 465 milhões de reais, em valores atualizados). Até o fim de julho deste ano, o Fundo contava um patrimônio avaliado em mais de 10 bilhões de reais.
