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Mundo G20 ignora boicote dos Estados Unidos e aprova declaração final contra a vontade de Trump

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O documento final cita o TFFF, fundo de preservação das florestas tropicais proposto pelo Brasil na COP30, em Belém, como um "instrumento inovador". (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

Contrariando a vontade de Donald Trump, os líderes do G20 reunidos em Joanesburgo aprovaram no sábado (22) uma declaração final abordando temas rejeitados pelo presidente americano, que boicotou o encontro. O texto se posiciona contra as mudanças climáticas e a favor do multilateralismo.

A extensa declaração, com 30 páginas e 122 itens, foi aprovada por aclamação na sessão inaugural do encontro. Em crise diplomática com a África do Sul, que Trump acusa de “genocídio branco”, os Estados Unidos não enviaram delegação.

Embora não mencione explicitamente que o aquecimento global é causado pelos seres humanos, o texto reafirma o compromisso com a luta para reduzir as emissões causadoras da alta da temperatura do planeta, como previsto no Acordo de Paris, firmado em 2015. Trump retirou os EUA do acordo pouco depois de empossado, no início deste ano.

O documento final cita o TFFF, fundo de preservação das florestas tropicais proposto pelo Brasil na COP30, em Belém, como um “instrumento inovador”. Outro item aplaude “o desfecho bem-sucedido” do encontro, embora a cúpula sobre mudanças climáticas ainda esteja em andamento.

A declaração tem valor apenas simbólico, já que as decisões do G20 não obrigam os países do grupo a cumpri-las. Mas a aprovação foi uma vitória diplomática para o anfitrião do evento, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.

Em seu discurso de abertura, o líder afirmou que a falta de uma declaração final seria um rebaixamento do primeiro G20 realizado em solo africano: “Não devemos permitir que nada diminua o valor, a estatura e o impacto da primeira Presidência africana do G20.”

“Esta cúpula tem a responsabilidade de não permitir que a integridade e a credibilidade do G20 sejam enfraquecidas. Agradecemos a todas as delegações que trabalharam juntas, de boa-fé, para produzir um documento final digno desse encontro histórico”, acrescentou.

Também neste sábado, a África do Sul voltou a criticar a decisão de Washington de enviar um encarregado de negócios para receber a transição da Presidência do G20, cuja cúpula de 2026 será nos EUA.

“É uma quebra de protocolo que não será tolerada”, disse Vincent Magwenya, porta-voz de Ramaphosa. Mais tarde, o chanceler sul-africano, Ronald Lamola, afirmou que o país designaria um diplomata com a mesma patente de um encarregado de negócios para realizar a transição.

Em encontro bilateral na sexta (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia reiterado apoio a Ramaphosa para a aprovação da declaração nos termos propostos pela África do Sul.

O documento também defende o fortalecimento dos sistemas de resposta a catástrofes naturais, que, segundo os cientistas, vêm se tornando mais comuns devido às mudanças climáticas.

Alguns itens mencionam antigas reivindicações sul-africanas, como mecanismos de alívio da dívida dos países mais pobres, o uso de minerais estratégicos e da inteligência artificial para o desenvolvimento sustentável e mais investimentos no continente africano.

A declaração aborda ainda temas menos controvertidos: por exemplo, condena o terrorismo e prega uma solução pacífica para os conflitos na Ucrânia, na Faixa de Gaza e no Sudão.

Em mais um sinal de fragmentação, a Argentina, atualmente um aliado próximo do presidente dos EUA com Javier Milei na Casa Rosada, abandonou as negociações pouco antes de os enviados adotarem o texto preliminar, disseram autoridades sul-africanas.

A justificativa dada pelo ministro das Relações Exteriores argentino, Pablo Quirno, é a de que o documento “trata do conflito de longa data no Oriente Médio de uma maneira que não consegue captar toda a sua complexidade”.

À tarde, Lula, que já havia falado na sessão matinal, voltou a discursar, na segunda sessão da cúpula, intitulada “Um Mundo Resiliente – a Contribuição do G20”. Nessa fala, o presidente traçou um quadro otimista dos resultados da COP30, cujas negociações, em suas palavras, estavam “por duas palavras” de serem concluídas naquele instante.

“Na COP da verdade, a ciência prevaleceu. O multilateralismo venceu”, afirmou Lula, relacionando o que seriam as principais conquistas da cúpula de Belém: o compromisso reafirmado com o Acordo de Paris, um quadro renovado de Contribuições Nacionalmente Determinadas e a Declaração de Belém sobre Fome, Pobreza e Ação Climática Centrada nas Pessoas, proposta pelo Brasil.

Segundo Lula, o G20 é o fórum ideal para promover a implementação das metas de redução do aquecimento global. “O grupo responde por 77% das emissões globais. É do G20 que um novo modelo de economia deve emergir. O grupo é um ator-chave na elaboração de um mapa do caminho para afastar o mundo dos combustíveis fósseis.” Com informações da Folha de São Paulo.

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