Quinta-feira, 18 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de julho de 2021
O cantor Gabriel O Pensador lançou, na madrugada desta quarta-feira (21), a música “Patriota comunista” em plataformas digitais. O rapper, no entanto, afirma que está sofrendo intimidação e “tentativas de censura” por causa da nova canção, que teve o clipe gravado no cemitério Parque dos Buritis, em Uberlândia, em Minas Gerais.
Segundo Gabriel, a obra retrata as pessoas que morreram no último ano no Brasil. Entre elas, está o seu próprio pai, o médico Miguel, que morreu com graves problemas respiratórios em abril de 2020.
“Venci a hipocrisia e os aproveitadores de plantão mais de uma vez. Tentaram me intimidar com duas notificações hoje e tentativa de censura prévia. Muito barulho mas sem fundamento”, postou ele em sua conta de Instagram.
A letra critica, com contundência, a atual realidade política do Brasil e o descaso do governo em relação à pandemia e às vidas perdidas pela Covid. Numa das cenas do clipe, Gabriel O Pensador é sufocado, dentro de um caixão, por mãos que seguram a bandeira do Brasil.
“Sou cientista pedindo uma esmola / Sou quilombola virando piada / Sou uma vida que nem vale um dólar / Sou uma preguiça assistindo à queimada / Sou só mais um dos milhões de indivíduos tão divididos na morte e na vida / Somos devotos dos santos bandidos”, diz um dos trechos da música.
“Quem assistir ao clipe vai se emocionar. Gravei cenas de ‘Tô feliz (matei o presidente) 2’ também em um cemitério e nem por isso veio gente hipócrita querendo views em cima disso. Um dos câmeras perdeu seu avô durante a filmagem, e ele foi velado lá. Estávamos trabalhando com seriedade e amor”, conta o rapper, que, diante da polêmica, retirou do clipe imagens em que apareciam lápides.
Mulher envia ofício ao poder público
Segundo o cantor, uma pessoa de Uberlândia que se apresentava como “A venenosa” nas redes sociais levantou uma polêmica sobre o clipe da canção, afirmando ter sido um desrespeito a escolha da locação.
Gabriel se refere a Juliana Lessa, moradora de Uberlândia que enviou um ofício, junto ao vereador Antônio Augusto (Cidadania), conhecido como “Queijinho”, para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Urbanos. O documento questionava se houve autorização do poder público para realização das filmagens. A prefeitura de Uberlândia informou que não tinha conhecimento do clipe, pois o cemitério tem administração particular.
“Tenho certeza que pessoas como eu e minha família estão insatisfeitas e decepcionadas com tamanho desrespeito”, escreveu Juliana Lessa: “Em plena pandemia, onde já temos mais de 500 mil mortos no Brasil e quase 2.800 em nossa cidade, temos que deparar com pessoas que querem aproveitar dessa situação muito triste, numa atitude completamente sem noção”.
Gabriel O Pensador explica que o clipe foi gravado em respeito aos mortos e se referiu a um suposto conflito entre a pessoa que contestou o vídeo e os administradores do cemitério:
“Na verdade, eu soube que há uma rixa entre a mulher que criticou (o clipe) e os donos do cemitério, que autorizaram as filmagens. Perdi minha avó para a Covid. E a música, entre outros assuntos, fala justamente sobre a importância do respeito à vida e o absurdo da banalização da morte”, ressaltou ele, por meio de nota.