Sexta-feira, 31 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de outubro de 2025
 
				Tradicional espaço das artes plásticas em Porto Alegre, a Galeria Tina Zappoli (rua Paulino Teixeira nº 35, bairro Rio Branco) inaugura às 19h desta sexta-feira (31) a exposição “Permanências”, de Itelvino Jahn. São 30 obras do escutor de Montenegro (Vale do Caí), ressaltando peças produzidas desde 2023 e cujo material-base é a madeira de árvores tombadas.
A mostra tem visitação até 23 de dezembro, de segunda a sexta-feira (14h-19h), com entrada franca. Na curadoria estão os sócios do espaço, Tina Zappoli e Marinho Neto.
Em seu trabalho diferenciado, Itelvino molda troncos e galhos de espécies nativas do Rio Grande do Sul, bem como frutíferas e exóticas). Essa matéria-prima vem de um “garimpo” em áreas de mata, bem como de doações de gente que conhece sua arte ou mesmo de secretarias do Meio Ambiente, que avisam sobre a queda ou retirada de árvores condenadas em locais públicos. Desse modo, seu material de trabalho mais comum são troncos ocos, semi-queimados, machucados por arames ou pragas.
Nascido e criado na zona rural, em um sítio na localidade de Campo do Meio, o escultor autodidata iniciou sua experimentação com o material aos 10 anos: “Minha trajetória realmente começou aqui no Interior, onde vivo até hoje, com a observação da matéria-prima, nas várias lidas da agricultura, avaliando madeiras já caídas, velhas, mortas, secas. Ao armazená-las, comecei a perceber formas e a guardá-las para evitar que virassem lenha”.
Sobre o título da mostra, o artista aponta: “A conexão com as árvores mortas sempre foi marcante para mim. Sinto uma relação com essa matéria como se quisesse fazer uma espécie de agradecimento, buscando perpetuá-la. Assim, as ‘permanências’ se traduzem na continuidade do que as árvores nos ofereceram em vida, por meio da escultura, que lhes concede uma nova existência ou sobrevida, permanecendo entre nós. É essa a essência”.
Sobre o espaço
Fundada em 1981, a galeria Tina Zappoli tem como proprietários o artista Marinho Neto e a galerista Tina Zappoli. Inicialmente, o espaço dedicou-se mais a artistas modernistas estabelecidos no século 20, adquirindo um caráter contemporâneo. Ao longo de sua trajetória, teve o privilégio de circular nacionalmente com a obra de Iberê Camargo, artista que representou até sua morte, em 1994.
Depois a Galeria foi introduzindo aos poucos em seu acervo “Arte Popular Brasileira”, uma das paixões de Marinho e Tina, sócia-fundadora do local. Com ineditismo na Região Sul do País, a galeria mescla harmoniosamente Arte Popular e Arte Étnica com Arte Moderna e Contemporânea e, desde então, é referência em Porto Alegre da convivência singular da arte popular brasileira com obras contemporâneas e exemplares dos grandes artistas da nossa terra.
(Marcello Campos)