Por Redação O Sul | 10 de fevereiro de 2016
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Seguindo o ritmo frenético de gandaia geral, o Congresso Nacional vai emendar o Carnaval e só volta ao trabalho na próxima terça-feira. 12 dias de feriadão. 594 deputados federais e senadores, apesar de todos os problemas que eles próprios denunciam, estão de papo para o ar num frenesi de dar bananas ao povo brasileiro. Claro que o ano legislativo já começou, mas antes de cair na farra por quase quinze dias, a Câmara aprovou apenas a medida provisória (MP 692/15) do ajuste fiscal que aumenta o Imposto de Renda pago por contribuintes que tiveram ganho de capital na venda de imóveis, veículos, ações e outros bens.
Leio que as garras do Leão estão mais afiadas, já que a partir de agora os bancos terão de informar à Receita Federal qualquer movimentação financeira mensal acima de R$ 2 mil feita por pessoas físicas. No caso das empresas, o valor será de R$ 6 mil. O Leão vai cruzar informações buscando compatibilidade com os dados declarados no IR ou com a movimentação do cartão de crédito. Garra afiada só para os lambaria da economia. Garra afiada e controle sinistro apenas contra trabalhadores, profissionais liberais e empresários de médio e pequeno porte. O Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional (SINPROFAZ) denuncia que: “O amargo ajuste fiscal, propagado como único remédio para tirar o Brasil da crise, tem uma lógica tão simples quanto perversa: 1- aumentar impostos sobre o consumo, fazendo os pobres e a classe média gastarem mais e consumirem menos; 2 – subir a taxa de juros para controlar a inflação, multiplicando ainda mais o lucro de bancos e rentistas; 3 – cortar o orçamento de políticas públicas essenciais: saúde, educação, segurança, infraestrutura… A velha receita tecnocrata, sem o menor compromisso com o bem-estar social”.
Os números denunciados pelo sindicato demonstram um Leão desdentado e covarde quando se trata dos tubarões; “ a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional consolidou no mês de julho mais de R$ 1,162 trilhão em débitos tributários inscritos na DAU. Você não leu errado, caro leitor. Isso representa mais de 8 mil vezes o prejuízo do “Mensalão (1)”, mais 580 vezes o que foi revelado pela “operação Lava-Jato” e mais de 60 vezes o que se descobriu da “operação Zelotes (2)”. Entre os membros desse verdadeiro “Clube do Trilhão” destacam-se 12.547 empresas que atuam nos mais influentes segmentos da economia: indústria, comércio, finanças, agronegócio, construção, entre outros. Elas representam menos de 1% das empresas do país, mas devem atualmente R$ 723,38 bilhões em tributos, equivalente a 62% de todo estoque tributário da Dívida Ativa da União.” No imaginário popular pagamos muitos impostos no Brasil. Pagamos? Não cara-pálida. Nem todos pagam. A covardia do sistema promove a desgraça nacional, e os congressistas estão na farra, ou então em meio a um tsunami de fofocas, traições, preocupados apenas com seus interesses imediatos. País nenhum resiste a uma condição sórdida como essa.
A maior parte dos tributos está no consumo. Daí não precisa ser PHdeus em economia para saber as consequências de um sistema tributário perverso, imoral e covarde. Quantas pessoas e pequenas empresas acabam se protegendo num caixa dois necessário. É crime? Claro que é e não defendo, mas basta uma tímida pesquisa sobre o tema e já reconhecemos que o “crime” pode ser um mal necessário. Hipocrisia ampla geral e irrestrita.
Segurança pública
Certamente nas duas últimas décadas reclamar da falta de segurança virou mantra, oração. Todos os dias latrocínios nos levam a criticar o inquilino do Palácio Piratini. A BM tem hoje cerca de 19,1 mil policiais, quando o necessário seriam 32,4 mil. Os 19 mil não podem fazer hora extra, o Estado não tem dinheiro para pagar. Todos, sem exceção, governadores da direita, esquerda ou em cima do muro repetem a exaustão que “falta de dinheiro”. Se nada for feito a tunga legal continuará a sangrar as burras dos estados pelos próximos séculos. A União hoje está esperando que o governo gaúcho deposite cerca de 267 milhões como pagamento da parcela da dívida do Estado com a União! Nem nos cafofos dos mais perversos agiotas se negocia dividas como as dos Estados com a União. O processo perverso vem de décadas. E, vai continuar assim considerando a qualidade venal daqueles que poderiam por fim a essa exploração diabólica.
Pode ser você amanhã
Andréa Costa da Silva, 53 anos, foi baleada na frente da filha durante um assalto quando chegava em casa, na Rua São Domingos, em São Leopoldo, no Vale do Sinos. Aos repórteres que estiveram no local, os moradores disseram que a região é muito violenta. Em que local ou área temos segurança? O número de assassinatos só neste feriadão deve ter ultrapassado de trinta. Tem assaltante sendo preso pela quadragésima vez. A porta da lei é giratória. Eles entram e saem numa procissão de impunidade. Não tem vagas nos presídios dizem bondosos juízes. Verdade. E, assim vai continuar independente de quem assumir a administração do Estado enquanto a questão principal não for resolvida. Reforma tributária já. Tudo o mais serve apenas para continuar o teatrinho vagabundo de República. Tem outra solução?
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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