Sábado, 27 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 23 de junho de 2016
Um homem gay belga quer receber autorização legal para morrer. Para isso, argumenta que sofre psicologicamente por não conseguir aceitar sua sexualidade.
Identificado apenas como Sébastien, ele diz já ter pensado cuidadosamente sobre o momento em que sua vida chegará ao fim. “No momento em que puserem o soro em minhas veias, para mim será apenas um tipo de anestesia”, afirmou o belga, de 39 anos, ao programa “Victoria Derbyshire”, da BBC.
A eutanásia é legal na Bélgica desde 2002. No ano mais recente em termos estatísticos, 2013, houve 1.807 casos no país, a maioria deles de pessoas idosas sofrendo de doenças terminais – apenas 4% tinham distúrbios psiquiátricos.
Sébastien diz ter feito terapia durante 17 anos, além de tomar remédios, e acreditar não ter outra opção. Ele afirma sentir atração por homens jovens e adolescentes e ter traumas de infância. “Minha mãe tinha demência, então eu também não estava bem mentalmente. Sentia-me absurdamente solitário, introvertido e inibido. Tinha medo o tempo todo” , contou.
“Tinha 15 anos quando me apaixonei por um rapaz. Mas era insuportável para mim, porque eu não queria ser gay.”
A lei belga estabelece que, para ter direito à eutanásia, os pacientes precisam demonstrar constante e insuportável sofrimento psicológico ou físico. Nos casos de transtornos psicológicos, três médicos precisam concordar que pôr fim à vida do paciente, caso essa seja sua vontade, é a melhor opção. Mas Sébastien está determinado a buscar a autorização.
“Sempre pensei na morte. O que sinto é um sofrimento permanente, é como estar aprisionado em meu próprio corpo”, explicou. “É uma constante sensação de vergonha, uma sensação de cansaço de estar atraído por quem você não deveria. É como se tudo fosse ao contrário do eu que gostaria.”