Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 6 de agosto de 2020
Lançando seu segundo livro de contos eróticos, modelo conversou sobre a evolução na maneira em que lidava com sua vida sexual
Foto: Reprodução/InstagramGeisy Arruda ainda se lembra com detalhes do dia em que foi humilhada e xingada por usar um vestido curto e justo na sala de aula de uma universidade de São Paulo. O episódio, que ocorreu há 10 anos, a fez olhar de outra forma para a sexualidade, e dividindo nas redes sociais e em seu segundo livro de contos eróticos, “Desejo Proibido”.
“Tive uma desconstrução nos últimos dez anos absurda sobre a sexualidade. Eu tinha o mesmo comportamento de muitas mulheres que me criticam hoje. Fui criada nesta sociedade conservadora em que a mulher tem que se comportar, não pode transar no primeiro encontro porque o homem não vai valorizá-la, não pode mostrar que tem muita experiência na cama para o parceiro não achar que ela não tem valor por ter transado com muitos caras… É uma sociedade em que as mulheres têm que reprimir suas vontades para não serem chamadas de vulgares, que por sinal é uma palavra que eu odeio”, conta ela, que também se reprimia.
“Quando eu saía com homens, me preocupava tanto em dar prazer para eles que não conseguia ter o meu prazer. Já cheguei a fingir orgasmo para agradar parceiro, fingia gostar de algo enquanto estava odiando, aceitava parceiros que não faziam sexo oral. Pensava: ‘Ás vezes ele não gosta muito, então deixa que eu faço’. Agora levo como um insulto o cara que não faz sexo oral na mulher. Comecei a ser mais egoísta em relação a isso e me tocar durante as relações, fazer coisas que eu gostava, usar acessórios… Comecei a entrar nas relações não mais preocupada se eu estava gorda, magra, feia ou que tinha que fazer algo incrível. Passei a colocar a minha vagina em primeiro lugar.”
Essa postura incomoda muitas pessoas, segundo Geisy que já está acostumada aos insultos. Mesmo assim, ela se entristece ao dizer que a maior parte de seus hartes é mulher.
“Sofro preconceito desde que saí do útero da minha mãe. Ser mulher me faz ser uma sobrevivente. Dez anos atrás sofri preconceito por usar roupa curta, hoje sofro porque escrevo contos eróticos, porque transo no primeiro encontro, porque defendo masturbação feminina, porque não sou casada, não tenho filhos. Preconceito é quase um sinônimo de Geisy Arruda, já estou acostumada. É diário. Mas o que me deixa mais triste é quando as mulheres me insultam. E elas são a maioria dos haters. Acho que ninguém precisa me amar e concordar com o meu estilo de vida, mas não precisa me diminuir e esculhambar. Existe essa mania de diminuir mulheres lindas como a Anitta, que trocam sempre de namorado. Acho isso incrível, que bom que a Anitta troca de namorado o tempo todo. Sinal que ela está viva, feliz e livre”, avalia.
Com seus contos eróticos, Geisy pretende ajudar mais mulheres a encontrar a liberdade sexual. “Uma mulher como eu, que escreve sobre putaria e fala abertamente sobre sexo, prazer, orgasmo e fetiches ainda choca um pouco. Mas fico feliz em mexer nessa ferida e talvez ajudar algumas mulheres que talvez nunca conseguiram chegar ao orgasmo e nem sabem o que é isso. Acho que toda a mulher tem que se colocar em primeiro lugar, tem que assumir que tem desejos e também quer alcançar o seu prazer. Recebo muito feedback de mulheres que melhoraram suas vidas sexuais após meus conselhos. Quando vejo mensagens de mulheres que seguiram as minhas dicas e falaram que deu certo, aquilo me faz muito feliz. Mesmo sendo criticada, nunca desistir de fazer com que as pessoas falassem mais abertamente sobre sexo. Pago um preço muito alto por acreditar nessa liberdade. Mas se elas estão transando, gozando e sendo felizes, isso faz valer o que eu faço. Essas mulheres são meu grande combustível.”