Por Redação O Sul | 12 de maio de 2025
Cinco anos e muito trabalho depois, a marca tem loja online e uma loja física, na Zona Sul de Porto Alegre, onde também funciona um café.
Foto: DivulgaçãoTudo começou em 2020 com uma geleia de figo. No auge da pandemia de Covid-19, a vó Rosalina, então com 90 anos, preparou o doce para a neta Aline. Enquanto saboreava a receita feita “de olho” pela avó, Aline pensou: por que não fazer uma pequena produção de geleias para “distrair” a vó Rosalina em meio ao isolamento social da pandemia? Nascia, ali, a Geleias da Bisa.
Cinco anos e muito trabalho depois, a marca tem loja online e uma loja física, na Zona Sul de Porto Alegre, onde também funciona um café. Nos próximos dias, em Brasília, as receitas da vó Rosa, como é conhecida, passarão pelo seu maior teste: a Geleias da Bisa é uma das cinco finalistas do Prêmio CNA Brasil Artesanal de Geleia, que será entregue no dia 13 de maio.
Realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com a Embrapa Agroindústria de Alimentos e com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL/SAA SP), o concurso tem duas categorias: geleia simples e mista.
A Geleias da Bisa concorre na categoria simples, que conta com júri técnico e júri popular – no dia 12 de abril, em uma cafeteria de Brasília, o público degustou, às cegas, os doces que disputam o título de melhor geleia artesanal do Brasil. “Nunca imaginei que um programa familiar criado para ocupar a minha avó durante a pandemia pudesse virar um negócio e concorrer a este tipo de reconhecimento”, diz Aline Machado Lucas, professora universitária e criadora da marca em parceria com a avó.
Chegar à final não foi fácil: foram 245 concorrentes de todo o Brasil. Agora, na etapa decisiva, são considerados, além da votação popular e do júri técnico, aspectos como a história de cada marca. E aí a Geleias da Bisa se destaca: até pouco tempo atrás, Aline e vó Rosa atuavam, juntas, na linha de frente da produção. “Há alguns meses, a vó começou a ter problemas de saúde que a impediram de estar comigo todo os dias na operação. Mas, mesmo assim, ela não parou, só reduziu um pouco o ritmo. É ela quem aprova tudo o que fazemos”, conta Aline.
Vó Rosa completou 95 anos no início de abril – na festa de aniversário, fez questão de dançar uma música gaúcha. “Não tenho dúvidas de que a Geleias da Bisa foi um sopro de vida que fez com que ela chegasse até aqui com ânimo e vitalidade”, diz a neta.
Na festa, inclusive, vó Rosa só tinha uma pergunta para Aline: quando ela iria receber o prêmio, em nome das duas, por estar entre as cinco melhores geleias artesanais do Brasil. “Sem dúvida estar na final deste prêmio foi o melhor presente de 95 anos que ela poderia receber”, ressalta.
As receitas da Geleia da Bisa são 100% naturais, sem conservantes e têm 60% menos açúcar do que as demais – recentemente, inclusive, a marca, que hoje conta com 17 sabores, lançou uma linha zero açúcar. A classificação “artesanal” se refere ao volume de produção: de acordo com as regras do concurso, são consideradas artesanais as produções que não ultrapassam 50 toneladas por ano.
Desde 2021, quando a distração da vó Rosa virou um negócio, Aline e a avó investem pesado em profissionalização. O processo de produção segue um rígido padrão técnico e sanitário respaldado por todas as certificações necessárias para o funcionamento de uma fábrica de doces. A preocupação com a qualidade se reflete em todas as etapas, desde a utilização de ingredientes frescos na elaboração das geleias até a precisão de informações no rótulo dos produtos.
Engenheira química por formação – e professora universitária na área –, Aline sempre teve interesse em pesquisas sobre produtos naturais. Essa característica, aliada à experiência de trabalho da avó em cantinas de escolas, criou uma combinação única para os doces fabricados pela dupla. No caminho, como todo empreendedor, elas também encontraram algumas dificuldades. “Um dos principais desafios foi padronizar a produção. A vó fazia tudo no olho”, lembra. Para vó Rosa, mesmo que tenha tido alguns obstáculos, o caminho valeu – e segue valendo – muito a pena. “Uma geleia caseira como a nossa se faz com muito amor”, resume.
Sobre a Geleias da Bisa
Empresa familiar de fabricação de doces e geleias caseiras, iniciou sua história em 2020 com o objetivo de levar afeto em formato de doce para as pessoas em meio à pandemia. A Bisa, aos 90 anos, juntamente com sua neta, Aline, engenheira química, foram as fundadoras da marca. Para saber mais: @geleiasdabisa (https://www.instagram.com/geleiasdabisa/).
