Domingo, 23 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de julho de 2025
Numa espécie de arena, por onde os carros desfilaram sob luzes e efeitos especiais, a General Motors fez, na terça-feira (8), o lançamento simultâneo de cinco modelos. Três deles, a combustão, serão produzidos no Brasil. Os outros dois, elétricos, importados da China. Ao final da apresentação, ainda no palco, Santiago Chamorro, presidente da GM na América do Sul, apontou para os dois modelos elétricos chineses e afirmou: “Meu sonho é ver a industrialização de produtos como esses no Brasil”.
As atuais condições impedem que o sonho de Chamorro se torne realidade. O preço de lançamento de um dos dois modelos chineses elétricos, o Spark, um SUV subcompacto, é de R$ 159.990. Um valor muito próximo da versão intermediária de um similar a combustão, produzido pela mesma GM no Brasil, o novo Tracker LT 1.0, que custa R$ 154.090.
Mesmo com o Imposto de Importação para os veículos, que no início do mês subiu para 25% para modelos elétricos, é possível trazer carros da China a preços competitivos em relação à oferta da linha nacional.
Isso acontece porque, segundo Chamorro, o custo do produto chinês é 50% menor do que o fabricado no Brasil. E a tendência é o elétrico chinês continuar competitivo mesmo depois que o Imposto de Importação desse tipo de veículo subir para a alíquota máxima de 35%, prevista para julho de 2026, seguindo cronograma de elevação do tributo já definido e iniciado em janeiro de 2024.
Segundo Chamorro, a competitividade chinesa se sustenta em duas bases. A primeira está na escala. “Enquanto a capacidade anual da indústria automobilística é de 5 milhões de veículos no Brasil, na Coreia e no México, e 10 milhões na Europa e nos Estados Unidos, na China chega a 45 milhões”, afirma. O executivo cita, ainda, os volumes de produção de aço como outra base de comparação: 30 milhões de toneladas no Brasil, 110 milhões nos EUA e um bilhão na China.
Além da escala, Chamorro aponta os incentivos que a indústria recebe do governo chinês, tanto para abastecer o mercado local como para exportar veículos. “Fica difícil competir (nessas condições)”, afirma.
A GM tem mais de um parceiro chinês para produzir veículos que começam a ser exportados para outros mercados. A GM do Equador, por exemplo, passou a vender uma picape produzida na China, em substituição a uma que era importada do Japão. “Em dois meses a nova picape passou a ser a mais vendida do mercado”, diz Chamorro.
No Brasil, além do Spark, a montadora apresentou um SUV elétrico chinês médio chamado Captiva, cujos preços ainda não foram revelados pela montadora e que chegará ao mercado brasileiro no fim do ano.
Para juntar forças e fôlego para a nova era tecnológica dos carros, o presidente da GM para a região defende as parcerias. Além de joint ventures que já possui na China, a empresa americana está em negociação com a montadora coreana Hyundai.
Segundo o executivo, por enquanto, existe apenas um memorando de entendimento entre as duas montadoras. Mas ele espera que as sinergias que vierem a ser negociadas nessa parceria global sejam estendidas ao Brasil, onde as duas empresas têm fábricas.
“Se me perguntarem se me interessa juntar esforços para reduzir custos com compras ou em sinergias em produtos semelhantes ou diferentes eu vou dizer que sim”, destaca Chamorro. As informações são do jornal Valor Econômico.