Quinta-feira, 30 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de dezembro de 2017
O governador cassado do Amazonas, José Melo (PROS), foi preso na manhã desta quinta-feira (21) na terceira fase da operação “Maus Caminhos”, que apura desvios de verba e fraudes na Saúde do Amazonas. Segundo a PF (Polícia Federal), ainda foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, em Manaus e Rio Preto da Eva, na Região Metropolitana. Melo foi cassado por compra de votos na eleição de 2014.
O advogado de defesa do ex-governador disse que ainda não tinha sido informado da prisão. Segundo a PF, o objetivo da operação é investigar crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de capitais e de organização criminosa em suposto esquema que envolve o ex-governador do Estado do Amazonas, José Melo, cassado por compra de votos.
A nova fase da operação foi denominada de “Estado de Emergência”. O nome é uma alusão à situação de calamidade pública que se encontrava a prestação de serviços de saúde no Amazonas, em 2016. Naquele ano, o governo decretou estado de emergência econômica e criou um gabinete de crise.
“Os fatos relacionados ao envolvimento do ex-governador do Estado somente aparecem após o avanço da investigação e dão conta de que o chefe maior do executivo estadual recebia pagamentos periódicos dos membros da organização criminosa”, informou nota da PF. José Melo chegou à sede da Polícia Federal em Manaus por volta das 11h.
Maus Caminhos
A primeira fase da Maus Caminhos ocorreu em setembro de 2016, quando o médico Mouhamad Mustafa foi preso apontado como chefe do esquema. A segunda fase ocorreu no início deste mês. A ação foi intitulada operação “Custo Político” e resultou na prisão de ex-integrantes do governo, são eles:
Pedro Elias, ex-secretário de Saúde do Amazonas e diretor do Hospital Francisca Mendes – prisão preventiva; Wilson Alecrim, ex-secretário de Saúde do Amazonas – prisão preventiva; Aroldo Pinheiro, ex-subcomandante da Polícia Militar – prisão preventiva; Raul Zaidan, ex-chefe da Casa Civil – prisão temporária; Evandro Melo, ex-secretário de Administração do Amazonas – prisão preventiva; Afonso Lobo, ex-Secretaria de Fazenda do Amazonas (Sefaz-AM) – prisão preventiva; Dois ex-secretários executivos da Secretária de Saúde do Amazonas que não tiveram as identidades reveladas.
Investigações
Em 2016, a Operação Maus Caminhos desarticulou um grupo que possuía contratos firmados com o Governo do Estado para a gestão da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Campos Sales, em Manaus; da Maternidade Enfermeira Celina Villacrez Ruiz, em Tabatinga; e do CRDQ (Centro de Reabilitação em Dependência Química) do Estado do Amazonas, em Rio Preto da Eva. A gestão dessas unidades de saúde era feita pelo INC (Instituto Novos Caminhos), instituição qualificada como organização social.
A investigação que apontou a existência da fraude iniciou a partir de uma análise da Controladoria Geral da União sobre a concentração atípica de repasses do Fundo Estadual de Saúde ao INC. Segundo a PF, o grupo utilizava o instituto para fugir dos procedimentos licitatórios regulares e permitir a contratação direta de empresas prestadoras de serviços de saúde administradas, direta ou indiretamente, por Mouhamad Moustafa, apontado como chefe do esquema.
As investigações que deram origem à operação demonstraram que, dos quase R$ 900 milhões de reais repassados, entre 2014 e 2015, pelo Fundo Nacional de Saúde ao Fundo Estadual de Saúde, mais de R$ 250 milhões de reais teriam sido destinados ao INC.