Terça-feira, 17 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 23 de junho de 2023
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), vai investir R$ 41,2 milhões na recuperação de uma estrada que leva até o sítio de sua família, o “Rancho Zema”, em Rifaina (SP), onde o mineiro já passou datas comemorativas.
O edital aberto pelo Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) em 6 de junho prevê obras de recuperação em 107 quilômetros da MG-428, do trecho que se inicia no entroncamento da BR-262, em Araxá (MG), cidade natal de Zema, até a divisa de Minas com São Paulo, onde fica o sítio da família do governador.
O projeto na MG-428 representa quase um quinto de toda a extensão de estradas com reforma concluída por Zema até hoje. De acordo com dados enviados ao jornal O Globo, o governo estadual recuperou 635 km de pavimento no âmbito do projeto Provias, um pacote de obras rodoviárias lançado pela administração mineira em abril de 2022. A iniciativa soma 124 empreendimentos e concluiu até agora 32 obras, segundo dados do DER-MG.
O “Rancho Zema” está do lado paulista da divisa, na cidade de Rifaina, distante uma hora e meia de Araxá. Foi no sítio, às margens do Rio Grande, que Zema passou o Ano Novo de 2020. Há fotos do chefe do Executivo fazendo passeios de lancha e nadando com os filhos também em outras datas. A licitação ainda não tem um vencedor. Na última quarta-feira, o DER-MG publicou o resultado das empresas que estão habilitadas a concorrer.
Servidores da administração mineira relatam que o governador é pressionado pela população da terra natal por melhorias na região. O assunto foi tratado em um vídeo publicado no Instagram pelo deputado estadual João Bosco (Cidadania), conterrâneo de Zema e vice-líder do governo na Assembleia Legislativa, ao lado do governador.
“Conforme nós nos reunimos aqui em Araxá com várias lideranças no mês de abril, nós estamos agora contratando as construtoras que farão a recuperação dessas obras aqui que vão beneficiar muito essas cidades”, afirmou Zema no vídeo, ao lado de Bosco.
Em nota, o governo de Minas Gerais afirma que as decisões da atual gestão se baseiam “unicamente em preceitos técnicos”. Declarou que o segmento de 107 km da MG-428 não passa por intervenções e melhorias robustas há décadas, tendo sido apenas alvo de operações tapa-buraco.
O governo acrescenta que foi feita uma avaliação técnica em 2023, que constatou “segmentos com alastramento de defeitos por toda a pista”. “Há trincas, que, segundo a análise técnica, enfraquecem o revestimento e permitem a entrada da água, provocando problemas na estrutura”, diz a nota, segundo a qual a demanda por melhorias é recorrente por parte dos cidadãos ao menos desde 2021. “Há inclusive um abaixo-assinado dos moradores de Sacramento solicitando intervenções na rodovia”.
O governo afirma que usa como critério para os investimentos nas estradas a análise técnica do DER, embasado em um “um amplo estudo realizado em toda a malha viária estadual, de forma periódica pelo órgão, sendo que a última versão completa foi realizada em 2020”. E que a MG-428 “já se encontrava com prioridade ‘urgente’ para investimentos de melhorias” no último estudo do órgão.
O documento, no entanto, traz ao todo 803 trechos sinalizados como sendo de prioridade “urgente” no estado, 585 que merecem alguma “espera” e outros 701 sem “nenhuma prioridade”. A MG-428 tem trechos com prioridade diversa, de nenhuma à mais alta.
Minas soma 272 mil km de rodovias, a maior malha do país, segundo dados do governo Zema. Sob responsabilidade estadual há 22,2 mil km de estradas pavimentadas, outras 4,9 mil km não pavimentadas e 316,4 km com obras em andamento.
Apenas 23,2% das estradas mineiras estão em bom ou ótimo estado, de acordo com o mais recente relatório da Confederação Nacional do Transporte (CNT), que avalia as condições das rodovias pavimentadas brasileiras. A maior parte (40,5%) das estradas em Minas tem qualidade considerada regular, enquanto 28,4% se enquadram como ruins, e 7,9% como péssimas.
A situação precária das estradas levou o Ministério Público mineiro a mover três ações, duas contra o governo estadual e outra contra uma concessionária, para obrigar a realização de obras, conforme publicado pelo jornal Folha de S.Paulo. As informações são do jornal O Globo.