Sábado, 06 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de dezembro de 2025
Colegiado que conta com a participação do governador gaúcho Eduardo Leite, o Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) divulgou nesse sábado (6) a “Carta do Rio de Janeiro”, manifesto do 14º encontro do grupo. O documento é pautado pelo fortalecimento de ações de segurança pública e conta com rubricas de Jorginho Mello (SC), Ratinho Júnior (PR), Cláudio Castro (RJ) e Romeu Zema (MG) – Tarcísio Gomes de Freitas (SP) e Renato Casagrande (ES) não estavam presentes.
Leite destacou a necessidade de financiamento adequado e coordenação nacional para o setor: “Não existe política pública efetivamente prioritária se não estiver com recursos no orçamento. O Cosud manifesta sua preocupação com o financiamento da segurança no País, buscando fontes e oferecendo caminhos (…). A integração não pode ser a imposição da União sobre os Estados, mas o trabalho de coordenação com respeito à autonomia federativa e o conhecimento de quem opera a segurança para valer, nas ruas”.
A Carta apresentada no encerramento da reunião, após três dias de discussões no Palácio da Guanabara, inclui uma síntese das principais posições dos sete membros do grupo, com ênfase na consolidação de estratégias conjuntas de enfrentamento às facções criminosas, hoje atuantes em escalas interestadual e transnacional. Dentre as prioridades apontadas estão:
– Integração tecnológica entre as forças policiais.
– Aperfeiçoamento de sistemas de dados e identificação multibiométrica.
– Recuperação de ativos do crime organizado, com destinação dos valores aos estados responsáveis pelas operações.
– Defesa de ajustes na legislação penal e processual, para o combate a crimes de alta ofensividade, como tráfico de armas de guerra e atuação de facções desde o sistema prisional.
O texto também ressalta a necessidade de apoio a medidas para assegurar fonte estável de financiamento à segurança pública, incluindo a destinação de parte da arrecadação da taxação das empresas de apostas (bets). Também propõe a criação de linhas permanentes de crédito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para modernização tecnológica das polícias e demais forças do setor, além de mecanismos de coordenação pelo governo federal para integração de dados e ações estruturadas de combate a lavagem de dinheiro e às redes financeiras do crime organizado.
O encontro também reforçou a necessidade de participação plena dos governadores no debate nacional sobre segurança, especialmente na tramitação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 18/2025. A Carta enfatiza a preservação da autonomia das polícias estaduais, a criação de um modelo de compensação financeira para estados que enfrentam crimes federais com recursos próprios e a urgência de ações permanentes nas fronteiras nacionais.
Leite, Mello, Ratinho, Castro e Zema destacaram, ainda, que apenas a ação coordenada entre Estados, União e sociedade será capaz de gerar resultados concretos e duradouros para a segurança da população. Ao final da cerimônia, o Cosud confirmou a eleição do governador mineiro para presidir o consórcio até o próximo ciclo. O encontro seguinte já está marcado para a segunda quinzana de março, em Belo Horizonte.
Questionamento
Ao comentar o documento final, o anfitrião Cláudio Castro ressaltou a amplitude do debate e a importância de valorizar quem atua diretamente no enfrentamento ao crime:
“A segurança pública não pode ser vista de maneira cartesiana nem ideológica. Aqui falamos de financiamento, tecnologia, integração, cadastramento. As soluções não serão achadas em meio a conflitos, nem por ‘especialistas de pantufa’, mas por quem entende de segurança pública e por aqueles bravos homens e mulheres que dedicam a vida para garantir a liberdade dos outros. A valorização do profissional e das estratégias nunca poderá ser desprezada”.
(Marcello Campos)
Voltar Todas de Rio Grande do Sul