Domingo, 25 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 24 de maio de 2025
O Itamaraty mantém silêncio, até o momento, sobre a revelação de que a inteligência russa transformou o Brasil em uma linha de montagem de espiões. A diplomacia brasileira adotará cautela sobre o tema. A orientação é esperar a divulgação oficial de conclusões da investigação no Brasil pela Polícia Federal para só então avaliar qualquer manifestação.
O argumento ressaltado nos bastidores é que uma “avaliação diplomática só é possível com os fatos, e os fatos dependem da apuração na investigação”. A frase é quase um mantra entre integrantes do governo brasileiro.
Diplomatas observaram que ainda não têm maiores elementos sobre o alcance da investigação. Somente com uma extensão muito bem definida, ressaltaram, é que poderão avaliar melhor qual precisa ser o posicionamento do governo brasileiro.
Fábrica de espiões
Reportagem do New York Times aponta que a Rússia usou por anos o Brasil como ponto de partida para a elite de seus oficiais de inteligência, os chamados “ilegais”. Na prática, os russos fizeram do Brasil uma linha de montagem para agentes secretos.
O objetivo não era espionar o Brasil, mas, sim, tornar-se brasileiro. Sob o disfarce de identidades confiáveis, os agentes depois partiam para os EUA, Europa ou Oriente Médio para, enfim, começar a trabalhar a sério.
Um deles abriu uma joalheria. Outro era uma modelo loira de olhos azuis. Um terceiro foi aceito em uma universidade americana. Havia um pesquisador brasileiro que conseguiu emprego na Noruega e um casal que acabou indo para Portugal. Até que tudo veio abaixo.
Padrão identificado
Nos últimos três anos, agentes de contrainteligência brasileira caçaram esses espiões de forma discreta e metódica. Por meio de um trabalho policial minucioso, descobriram um padrão que lhes permitiu identificar os espiões, um por um.
Os federais descobriram pelo menos nove agentes russos operando sob identidades brasileiras, de acordo com documentos e entrevistas. Seis nunca haviam sido identificados publicamente até agora. A investigação já abrangeu ao menos oito países, segundo autoridades, com informações vindas dos Estados Unidos, Israel, Holanda, Uruguai e outros serviços de segurança ocidentais.
A investigação brasileira desferiu um golpe certeiro no programa de “ilegais” de Moscou. Desmantelou um grupo de agentes altamente treinados e difíceis de substituir. Ao menos dois foram presos, e outros voltaram às pressas para a Rússia. Com seus disfarces expostos, é improvável que voltem a atuar no exterior. Com informações de O Estado de S. Paulo e O Globo