Sábado, 03 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 9 de junho de 2023
O músico inglês Roger Waters anunciou, recentemente, que vem ao Brasil em outubro e novembro com sua turnê de despedida, “This is Not a Drill”, passando por Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte. Só que o Ministério da Justiça recebeu, uma semana após o anúncio, um pedido para que o cofundador da banda Pink Floyd seja impedido de entrar no país e de se apresentar aqui.
A demanda foi endereçada a Flávio Dino no último dia 29 e é assinada pelo advogado Ary Bergher, que é vice-presidente da Confederação Israelita do Brasil (CONIB) e presidente do Instituto Memorial do Holocausto, sediado no Rio.
No pano de fundo do caso,está a investigação que a polícia de Berlim abriu, também em maio, sobre o uso de um uniforme de estilo nazista por Waters num show da capital alemã. Uma apresentação em Frankfurt chegou a ser cancelada por esse motivo, mas o músico conseguiu na Justiça o direito de realizá-la. Ele se defende afirmando que o figuro mostra sua oposição ao fascismo e à intolerância.
Em um comunicado, Waters afirmou que o show em Berlim despertou “ataques de má-fé” de pessoas que querem caluniá-lo por discordarem de suas posições políticas e de seus princípios morais. Destacou que os elementos questionados na performance são “uma declaração em oposição ao fascismo, injustiça e fanatismo em todas as suas formas”. E disse que continuará a “condenar a injustiça e todos aqueles que a cometem”.
A comunidade judaica, no entanto, não está convencida do argumento. Segundo Bergher, Waters “há mais de décadas pratica condutas e faz declarações nitidamente antissemitas”.
A Dino, o advogado destaca episódios protagonizados pelo cantor em 2010 (uso da Estrela de David no telão de um show em Nova York, representando uma bomba; 2011 (artigo de opinião contra Israel); 2013 (afirmação de que “o lobby judeu é extraordinariamente poderoso”) e 2020 (menção negativa às técnicas israelenses).
Caso Waters entre no Brasil de qualquer maneira, Bergher pede que o MJ escale as polícias Federal e Civil para monitorar as apresentações do artista. E que as corporações tomem providências se ele usar o mesmo figurino nas capitais brasileiras.