Quinta-feira, 23 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de maio de 2015
O governo decidiu passar para o Senado a negociação dos cargos de segundo e terceiro escalões e a transferência de verbas federais para os Estados dos senadores como forma de vencer suas votações prioritárias até agora: as medidas provisórias do ajuste fiscal e a indicação de Luiz Fachin para o STF (Supremo Tribunal Federal). Para o Planalto, com essa estratégia será possível derrotar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que se tornou neste segundo mandato um dos principais críticos da presidenta Dilma Rousseff. Para ele, a semana servirá para testar sua força na Casa com a possibilidade de impor duas derrotas à petista.
Amanhã, o nome de Fachin será submetido à chancela dos senadores, em votação secreta. Também entra na pauta do Senado a primeira MP (medida provisória) do pacote de ajuste fiscal do governo, a 665, que restringe direitos trabalhistas, como o seguro-desemprego.
Apoio
Para derrotar o governo, porém, Calheiros precisará do apoio de seus pares, que apontam que ele está cada vez mais isolado. A avaliação entre os senadores é de que ele perdeu força política na Casa. Teve de enfrentar na eleição pela presidência um adversário do próprio PMDB e, apesar de ter vencido, não obteve votação expressiva. Posteriormente, virou alvo de três inquéritos no Supremo por suspeita de envolvimento na Operação Lava-Jato, tendo contra si pedidos de quebra de sigilos bancário e fiscal.
Divergências
O presidente do Senado tem enfrentado divergências até com antigos aliados no PMDB. Na sabatina do indicado ao STF na Comissão de Constituição e Justiça, colegas de partido como Romero Jucá (RR), Jader Barbalho (PA) e Garibaldi Alves Filho (RN) elogiaram Fachin publicamente.
Enfraquecimento
O governo considera que o enfraquecimento de Calheiros pode auxiliar no embate desta semana. Para a aprovação do nome de Fachin, segundo estimativa interna mais recente, o Planalto espera chegar a 51 votos, dez a mais do que o mínimo necessário. Na votação da MP 665, o otimismo do governo é grande. No entanto, o Planalto também avalia que o presidente do Senado, apesar do enfraquecimento, ainda detém a força do cargo e o poder de pautar o que quiser na Casa. Em razão disso, pretende manter e até ampliar os acenos feitos nos últimos dias ao peemedebista.
Razões
Considerado um dos principais aliados no Congresso no primeiro mandato de Dilma, Calheiros se distanciou do Planalto por duas razões: a primeira é sua avaliação de que o Executivo agiu para incluí-lo na lista de investigados na Lava-Jato; a segunda, é de que perdeu apadrinhados de peso na estrutura federal.
(Tânia Monteiro, Ricardo Brito e Isadora Peron/AE)