Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 1 de outubro de 2021
O Ministério da Economia de Cuba anunciou a aprovação das primeiras 32 micro, pequenas e médias empresas privadas e de três estatais, nove dias após a aplicação da tão esperada reforma em uma economia majoritariamente estatal.
“A medida autoriza a criação desses novos atores econômicos, que já podem proceder à sua constituição como pessoas jurídicas, para exercer suas atividades econômicas”, informa o ministério, em nota divulgada pela imprensa local.
As novas empresas provêm de 11 das 15 províncias do país. Entre elas, 13 serão dedicadas à produção de alimentos, seis à indústria, três estão relacionadas a atividades de reciclagem, e outras três, a atividades tecnológicas.
Vinte delas são uma reconversão do trabalho autônomo, até agora a única forma de trabalhar no setor privado, para a nova forma de gestão não estatal, enquanto as outras 15 são de nova criação, acrescenta a nota.
“Os demais pedidos (apresentados desde o dia 20) estão em tramitação. Até agora, nenhum foi negado”, informou o Ministério da Economia, responsável pela aprovação.
Depois de anos de espera, que provocaram descrença entre os interessados, o governo colocou em vigor as leis de funcionamento das “mipymes”, bem como as das cooperativas não agrícolas.
Com uma economia 85% estatal, grande parte dos mais de 600 mil autônomos – baseados no setor de serviços: restaurantes, transporte e conserto de equipamentos – devem ser a fonte principal das micro, pequenas e médias empresas privadas, que desapareceram do país em 1968, quando Fidel Castro começou a aderir ao modelo estatal soviético e as nacionalizou na “ofensiva revolucionária”.
Naquele ano, o então presidente, Fidel Castro, fez um discurso na Universidade de Havana em que atacou os empreendimentos privados que seguiram operando após a Revolução.
Castro os chamou de “remanescentes do capitalismo”, e iniciou uma ofensiva aos empreendedores. Como resultado, foram confiscados mais de 55.000 negócios, boa parte deles de origem familiar.
A paralisia da economia enfrentada nos últimos anos, porém, tem feito o governo iniciar uma série de reformas, ainda que restritas.
A pressão popular por mudanças também aumentou. Em julho, a ilha enfrentou uma onda de protestos populares de magnitude inédita.
Castigados pela escassez crônica de comida e remédios, os cubanos se organizaram pelas redes sociais e saíram às ruas das principais cidades do país.
Em Havana, houve forte repressão policial, o que não impediu que centenas de manifestantes cercassem o Capitólio Nacional, símbolo da cidade, entoando gritos nunca ouvidos antes de “abaixo a ditadura”, “liberdade” e “pátria e vida” – este, uma aberta subversão do slogan oficial, “pátria ou morte”. As informações são da agência de notícias AFP e da revista Veja.