Quarta-feira, 15 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de outubro de 2025
O governo prometeu fazer uma limpa nos cargos do Centrão na máquina federal após a derrubada da medida provisória do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A questão é definir se as demissões atingirão aliados de figurões como o deputado Arthur Lira (PP-AL), que indicou o presidente da Caixa Econômica Federal.
No início da tarde dessa terça-feira (14), a ideia que corria no Planalto era despejar apaniguados de Lira e dar mais espaço a afilhados de Hugo Motta (Republicanos-PB).
O objetivo seria empoderar o presidente da Câmara, que tem prometido ajudar o Planalto a aprovar projetos prioritários.
O problema é que Motta e Lira ainda são ligadíssimos. O paraibano deve o cargo que ocupa ao alagoano. E apela à sua ajuda sempre que se vê em apuros, como no episódio em que bolsonaristas se amotinaram em sua cadeira.
Bomba fiscal
A oposição lançou uma bomba fiscal no caminho da reeleição de Lula. A nova derrota do governo na Câmara deve abrir um rombo de R$ 46 bilhões nas contas públicas. O dinheiro fará falta no ano eleitoral de 2026.
A derrubada da Medida Provisória mostra que a melhora nas pesquisas não resolveu a vida do presidente no Congresso. Sem base parlamentar sólida, Lula continua exposto a sustos e rasteiras. Na noite de quarta passada, levou uma das maiores deste terceiro mandato.
Os 251 votos contra o Planalto indicam que a aliança entre Centrão e bolsonarismo continua firme. Em setembro, a dobradinha aprovou a PEC da Blindagem e acelerou a anistia aos golpistas. Agora complica os planos da Fazenda de cumprir a meta fiscal via elevação de receita.
O principal beneficiário da bomba é Tarcísio de Freitas, virtual candidato das direitas. Ontem ele tentou negar sua participação na derrota do governo. Foi desmentido pelos próprios aliados. Da tribuna, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, agradeceu “todo o seu empenho” em cabalar votos pelo telefone.
Cercado, Lula foi ao ataque. “Não derrotaram o governo. Derrotaram o povo brasileiro”, discursou, após acusar o Congresso de proteger os ricos que não querem pagar imposto. Seguiu-se um bate-boca entre a Fazenda e o Palácio dos Bandeirantes. Fernando Haddad acusou Tarcísio de “ proteger a Faria Lima”, e o governador mandou o ministro cortar gastos e tomar “vergonha”.
Por trás do chumbo trocado, o Legislativo deu mais uma vitória bilionária para a banca e as bets. As fintechs continuarão a pagar menos impostos que os bancos tradicionais. As casas de apostas conseguiram barrar outra tentativa de elevar sua tributação, que hoje é de módicos 12%. (Com informações do colunista Bernardo Mello Franco, do jornal O Globo)