Domingo, 31 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 30 de agosto de 2025
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) solicitou ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para exercer seu mandato como deputado federal dos Estados Unidos. No ofício encaminhado a Motta, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alega que tem realizado “diplomacia parlamentar” no país.
A atuação do parlamentar no governo do presidente americano, Donald Trump, é apontada como crucial para a imposição da tarifa de 50% às importações de produtos brasileiros pelos EUA. Para defender o País das sanções impostas pelo governo americano, a Advocacia-Geral da União (AGU) decidiu recorrer a um escritório de advocacia nos EUA – um contrato que pode chegar a US$ 3,5 milhões. Nesta quarta-feira, 27, a AGU informou em nota que pretende cobrar o ressarcimento desse valor “junto a eventuais responsáveis pelos danos causados ao Brasil”.
Eduardo está nos Estados Unidos desde o início de 2025. Em março, pediu licença do mandato na Câmara e anunciou que permaneceria no país, onde buscaria “sanções aos violadores dos direitos humanos”, em referência ao ministro Alexandre de Moraes, Supremo Tribunal Federal (STF), e outras autoridades que se alinham ao magistrado.
Em 7 de agosto, Motta rechaçou a ideia de um “mandato a distância”. “Não há previsão no regimento para isso”, disse o presidente da Câmara, em entrevista ao portal Metrópoles. Quatro dias depois, em entrevista à revista Veja, Motta afirmou não concordar com quem age contra o próprio país. “Eu não posso concordar com a atitude de um parlamentar que está fora do País, trabalhando muitas vezes para que medidas cheguem ao seu país de origem e que tragam danos à economia do País.”
Reembolso
A AGU está finalizando os trâmites para a contratação do escritório americano Arnold & Porter Kaye Scholer LLP, referência em disputas internacionais e que já representou o Brasil em outros casos.
O valor do contrato firmado pode alcançar US$ 3,5 milhões em quatro anos – cerca de R$ 18,9 milhões na cotação atual. Em comunicado divulgado na quarta-feira, o órgão afirmou que pretende adotar medidas judiciais para obter o ressarcimento dos valores despendidos nessa transação.
Embora o comunicado não cite nomes, a cobrança pode ser direcionada ao deputado Eduardo Bolsonaro e ao expresidente Jair Bolsonaro, indiciados pela Polícia Federal e sob investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) por supostos ataques à soberania nacional.
Os dois estão sendo investigados por crimes de coação no curso do processo e abolição do estado democrático de direito ao tentar interferir no julgamento da ação penal do golpe, que tramita no STF. A PF aponta a atuação de Eduardo como “claro lobby” com o governo Trump por sanções ao Judiciário brasileiro.
No X (antigo Twitter), Eduardo criticou a possibilidade de ser cobrado. “Imagina se a AGU tivesse esse mesmo apetite para correr atrás dos bilhões roubados de aposentados do INSS?”, disse.
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), respondeu: “Sentiu, meu caro? Prepare o bolso. É o custo-Eduardo, que já passa de R$ 40 bilhões, numa campanha sistemática de ataque ao Brasil com sanções de revogação de vistos, aplicação da Lei Magnitsky e imposição de tarifas”, escreveu Lindbergh em seu perfil na rede social.
O montante de US$ 3,5 milhões representa o teto de gastos, mas os pagamentos ocorrerão de acordo com os serviços prestados e o grau de complexidade de cada demanda.
Campanha
Eduardo Bolsonaro disse que poderá ser o primeiro candidato à Presidência da República do Brasil que fará “campanha virtual”, diretamente dos Estados Unidos, caso concorra ao Palácio do Planalto em 2026.
“Qualquer pessoa que esteja apta, com seus direitos políticos, consegue concorrer. Como você iria fazer a campanha, são outros quinhentos. Talvez, a primeira campanha virtual da história do País. Mas acredito que até lá teremos aprovado uma anistia”, disse o deputado, em entrevista ao portal Metrópoles.
O filho de Bolsonaro também criticou outros nomes da direita por estarem se movimentando para substituir Bolsonaro na eleição do ano que vem, e afirmou que “não é a hora” de discutir o pleito de 2026. O ex-presidente está inelegível até 2030. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo