Sexta-feira, 31 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de junho de 2022
 
				Para evitar o risco de falta de diesel na segunda metade do ano, o governo estuda duas opções para reforçar o armazenamento do produto no mercado doméstico. A primeira é elevar o estoque obrigatório mantido pelas distribuidoras. A outra é aumentar o percentual de participação do biodiesel, atualmente em 10%, na mistura final comercializada nos postos de combustíveis.
As iniciativas podem contribuir para aumentar os estoques de diesel, mas não ajudam a conter o aumento dos preços, maior preocupação do presidente Jair Bolsonaro, que busca a reeleição. Ao contrário, elas reforçam ainda mais a tendência de alta nos próximos meses. As duas medidas são debatidas no momento por técnicos, segundo informação de uma fonte ao jornal Valor Econômico.
Hoje, as distribuidoras são obrigadas a manter um estoque capaz de atender o mercado por três a cinco dias, conforme a região e considerando o volume de vendas no ano anterior. A mudança do percentual de biodiesel no diesel está a cargo do Ministério de Minas e Energia. Já o aumento dos estoques obrigatórios demanda ajuste em resolução da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
A avaliação das medidas ocorre ao mesmo tempo em que o governo apoia iniciativas para tentar conter a alta de preços dos combustíveis e da energia elétrica. Uma das principais apostas é a aprovação de um projeto de lei que impõe um teto à alíquota de ICMS cobrada pelos Estados sobre esses produtos.
O aumento da participação do biodiesel na mistura do combustível é uma bandeira dos produtores nacionais, pleito que ganhou força nas discussões sobre o risco de desabastecimento. Eles defendem a elevação do percentual atual de 10% para 12% ou 13%. O mercado projeta um risco crescente de faltar diesel, especialmente entre agosto e outubro, quando o país registra um pico de consumo associado ao aumento das exportações de commodities agrícolas.
Racionamento emergencial
O setor de operadores logísticos não espera um cenário de racionamento emergencial de combustíveis, segundo Marcella Cunha, presidente da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol), que reúne 31 grandes empresas do setor, como JSL, Sequoia, DHL e Fedex. Mas, caso seja necessário, as empresas “estarão a postos para contribuir para que [o racionamento] seja feito da forma mais responsável possível”, afirmou.
Para Maria Fernanda Hijjar, sócia-executiva do Ilos (Instituto de Logística e Supply Chain), que foi contratado pela Abol para um estudo do setor, o risco de desabastecimento existe, mas há diversas ações para que esse cenário não se concretize.
“Não se pode dizer que não vai acontecer [o desabastecimento], porque há muita instabilidade. Entendo que o mundo se comporta de forma de tentar minimizar o risco de não ter diesel. Se acontecer, é como se fosse uma paralisação dos transportes e de outros setores que usam o diesel. É um risco que tentamos acreditar que não é tão alto assim. Porém, a minimização disso não está na mão dos operadores”, diz ela.
Entre as empresas do setor logístico, não há um consenso sobre a frequência ideal de reajustes de preços de diesel por parte da Petrobras. Porém, a maior parte defende reajustes não tão frequentes. As informações são do jornal Valor Econômico.