Sábado, 03 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 2 de maio de 2025
O Palácio do Planalto decidiu ampliar a resposta à crise dos descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS. A ordem é comunicar diretamente os 40 milhões de beneficiários da Previdência Social — e não apenas os cerca de 6 milhões que tiveram valores abatidos, em alguns casos sem autorização.
A medida não é só administrativa. Tem um peso político importante. Interlocutores do governo afirmam que a preocupação é evitar que o episódio se transforme em um novo “caso Pix”.
O governo sofreu uma crise de comunicação, quando uma mudança técnica nas regras de repasse de informações entre instituições financeiras e o Banco Central foi explorada pela oposição como se fosse uma tentativa de vigilância sobre as transações dos brasileiros.
A leitura no Planalto é que, naquela ocasião, a ausência de uma comunicação rápida e clara criou espaço para que dúvidas ganhassem corpo — mesmo que o fundamento técnico da medida fosse legítimo.
Agora, diante de um novo episódio sensível, a orientação é ter agilidade para evitar que se crie um ambiente de desconfiança generalizada.
A estratégia prevê duas frentes de comunicação:
• Para quem teve desconto: o governo vai esclarecer se a cobrança foi legal ou não. Nos casos irregulares, vai informar como será feito o ressarcimento.
• Para os demais, a mensagem será de tranquilização, informando que o benefício não foi alterado e que não há desconto a ser contestado.
Hoje, todos os beneficiários tentam conferir se teve algum desconto no benefício – mesmo quem não foi afetado está desconfiado. Por isso, segundo uma fonte, não basta falar só com os 6 milhões. É preciso alcançar todos os 40 milhões de segurados.
Pronunciamento
Em seu pronunciamento pelo Dia do Trabalhador, exibido na quarta-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou pela primeira vez sobre a fraude do INSS e disse que determinou que a AGU processe as associações que fizeram os descontos ilegalmente.
“Na última semana, o nosso governo, por meio da Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal, desmontou um esquema criminoso de cobrança indevida contra aposentados e pensionistas, que vinha operando desde 2019. Determinei à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas”, disse Lula.
Reunião
A Advocacia-Geral da União (AGU) realizou nessa sexta-feira (2) uma nova reunião do grupo criado para discutir a reparação de fraudes em aposentadorias e pensões pagas pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). O grupo já havia se reunido pela primeira vez na segunda-feira. O novo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, participou do encontro, assim como o ministro da AGU, Jorge Messias, e o presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção.