Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 6 de abril de 2020
O motorista desembarca na entrada do estacionamento na Suécia, aciona um comando no smartphone e o Volvo começa a rodar sozinho. Ao localizar uma vaga livre, o carro estaciona por conta própria, trava as portas e desliga o motor. Em Portugal, já do lado de fora do MercedesBenz, o motorista manobra o sedã por meio de movimentos na tela do celular e o coloca em um local sem espaço nas laterais que permitam a entrada ou saída de pessoas de qualquer biotipo. Em comum, as duas cenas são coisa do passado.
A primeira ocorreu em 2013, mas o sistema ainda não é oferecido para venda. A outra fez parte da apresentação à imprensa, em 2016, do Classe E, que, inclusive, já mudou de geração.
Os recursos desses dois modelos fazem parte de uma evolução sem precedentes na história do automóvel. Graças à eletrônica, em breve todos os sistemas do veículo serão acionados por meio de gestos e voz.
Girar botões, pressionar teclas ou mesmo tocar em telas será algo cada vez mais raro. E essas tecnologias já começam a chegar aos carros mais baratos.
Um dos recursos que está disponível em modelos mais simples é a “chave presencial”. Não é preciso introduzir a peça no miolo da fechadura para destravar as portas – basta se aproximar do veículo –, tampouco no sistema de ignição (o motor é acionado por meio de botão).
Essa facilidade é oferecida, por exemplo, no Volkswagen Polo. O item é opcional na versão Comfortline e faz parte de um pacote que custa R$ 1.990.
Obviamente, os novos sistemas surgem primeiro nos modelos mais caros. Nos BMW, por exemplo, a chave pode ser substituída pelo smartphone.
Desde 2015, aliás, a marca alemã dispõe de ajustes de funções de seus veículos, como o ar-condicionado e o volume do som, por meio de gestos. Três anos depois a empresa lançou uma atualização dessa ferramenta, que passou a responder a comandos feitos por meio de voz.
O mais recente avanço nessa área inclui inteligência artificial (IA), sistema que vai “aprendendo” as preferências do usuário e sua maneira de agir. Ainda no caso da BMW, o motorista pode, por exemplo, pedir informações sobre uma loja ou restaurante na rua fazendo perguntas e apontando o dedo para o local.
Não há mágica. Uma série de sensores espalhados no interior do veículo “lê” para onde o usuário está apontando o dedo e cruza informações com vários bancos de dados em tempo real.
Da Mercedes-Benz, a IA é oferecida desde o Classe A, modelo de entrada vendido também no Brasil. O sistema é integrado à central multimídia e também responde as perguntas feitas pelo motorista. Há opção de português falado no Brasil.
Desde 2012, o Fusion, sedã que não é mais vendido pela Ford, trazia dispositivos acionados por meio de voz. Aliás, esse tipo de recurso é cada vez mais comum em sistemas multimídia que permitem ouvir e ditar textos de mensagens, selecionar contatos na agenda e fazer ou receber ligações telefônicas sem tirar as mãos do volante.
Autônomo
O objetivo final de todas essas novas tecnologias é o carro autônomo – sem motorista. Isso será possível graças à utilização cada vez mais intensiva de sensores e radares, além de sistemas que permitem a troca de informação entre veículos e mesmo o entorno.
Desde 2012, a Volvo vem testando veículos autônomos em condições reais. Naquele ano, a marca sueca fez ensaios na Espanha com um comboio com dois caminhões e três carros.
Apenas o caminhão que puxava a fila era guiado por um motorista. Os demais replicavam todos os movimentos do “líder”. Na primeira tentativa, o teste, cujo roteiro tinha 200 km, foi concluído sem qualquer incidente.
A quarta geração do Audi A8, lançada em 2017, já trazia sistema autônomo. O motorista não precisava colocar as mãos no volante a até 60 km/h.
Ainda é preciso desenvolver a infraestrutura nas cidades e estradas, além de adaptar a legislação, mas o veículo autônomo já é uma realidade. Em breve haverá escritórios sobre rodas, por exemplo, que viajarão sem motorista e com toda a segurança.