Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 29 de maio de 2016
As gravações que expuseram aliados do presidente interino, Michel Temer, incluindo dois senadores do PMDB, aprofundaram um ambiente de incerteza e preocupação no novo governo diante de uma margem apertada pró-impeachment de Dilma Rousseff no Senado. Não se trata tanto de risco político para o atual governo interino de volta da petista, mas mais de condições de governabilidade na Casa que irá julgar a manutenção ou não do cenário do impeachment.
Soma-se a isso um cenário de crises menores, como a extinção e recriação do Ministério da Cultura e a falta de mulheres no primeiro escalão, que desgastaram Temer desde sua posse. Defensores de Dilma, hoje afastada por até 180 dias, avaliam que sua situação é “complicadíssima” e que é ainda cedo para prognósticos em um processo que deve terminar entre agosto e setembro.
No entanto, a reação de alguns senadores do grupo que ainda não declarou voto no mérito do seu caso tem sinalizado alerta para Temer. O resultado final do impeachment tende a ser influenciado pelo sucesso ou não do governo interino e dos rumos da Lava-Jato sobre o PMDB.
“Achei o começo do Temer muito ruim e a votação, assim como ocorreu com Dilma, também vai levar em conta o conjunto da obra do governo. Não contem que essa votação [do impeachment] já está certa”, disse Cristovam Buarque (PPS-DF), um dos 14 senadores que votaram a favor do afastamento de Dilma, mas não anunciaram posição sobre a condenação.
Para o senador, é preciso que se investigue a fundo as suspeitas contidas nas conversas entre o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que deixou o cargo de ministro do Planejamento de Temer após a sua divulgação, e o ex-presidente José Sarney.
A conta hoje no Senado indica que a votação final do impeachment deve ser apertada. A tendência é que os 22 senadores que votaram com Dilma no dia 12 de maio, quando ela foi afastada, não mudem de posição porque integram a base fiel à petista. Ao todo, 55 votaram pela abertura do processo, um voto a mais que o mínimo necessário para que seja condenada e deixe o cargo em definitivo. (Folhapress)