Terça-feira, 18 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de dezembro de 2020
Mais de 100 navios enfrentavam atrasos ontem para carregar produtos agrícolas para exportação na Argentina, segundo a agência Reuters. O motivo é a greve de inspetores de grãos e trabalhadores do segmento de oleaginosas, que já dura duas semanas.
A Argentina lidera os embarques globais de farelo de soja e é um dos principais países exportadores de soja em grão, óleo e trigo, além de carne bovina. As exportações de grãos e derivados do país somaram US$ 18,58 bilhões de janeiro a novembro, 13,5% menos que nos 11 primeiros meses de 2019. O complexo soja (grão, óleo e farelo) foi responsável por 40,78% desse total. E o principal produto embarcado pelo setor foi o farelo de soja, contribuindo com aproximadamente 13% do total vendido.
As negociações entre trabalhadores e empresas exportadoras sobre questões salariais foram interrompidas, com os dois lados acusando o outro de intransigência.
“A greve continua sem qualquer expectativa de que as negociações sejam reiniciadas no curto prazo. Temos mais de 100 navios esperando para serem carregados”, afirmou à Reuters Gustavo Idigoras, que comanda a câmara de empresas exportadoras, a CiaraCEC, entidade que representa as principais tradings que atuam no país.
A greve começou no dia 9 de dezembro depois de um chamado da federação
argentina dos trabalhadores da indústria de oleaginosas, e logo contou com a
participação do sindicato Urgara, que representa inspetores de grãos, e do SOEA, dos trabalhadores em esmagadoras de soja.
“Há uma grande participação de nossos membros na greve, e cada vez que as
empresas se manifestam, isso gera mais raiva e muito mais apoio da população”, declarou o porta-voz da Urgara, Juan Carlos Peralta, também conforme informações da Reuters.
A Urgara negocia com a Câmara de Portos Comerciais Privados, ou CPPC, enquanto a federação e a SOEA negociam com o CIARA. Peralta disse que a Urgara fechou acordos individuais com algumas empresas exportadoras, mas que permanecem diferenças gritantes nas posições de negociação e que um acordo abrangente está longe.
Com a soja e milho, as duas principais safras comerciais da Argentina, atualmente em fase de plantio, dezembro não é o pico das exportações.
Os agricultores têm mantido todos os estoques que podem este ano, esperando uma desvalorização maior do peso frente ao dólar antes de vender. A moeda enfraqueceu 27,9% este ano, para 83,15 por dólar.