Segunda-feira, 03 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de março de 2022
Nada é improvisado na vida de Vladimir Putin. Todos os passos do presidente russo são observados de perto por centenas de guarda-costas que o acompanham 24 horas por dia.
Sua comida é preparada às escondidas e tudo o que ele bebe deve ser previamente checado por seus assessores mais próximos. Ex-oficial da KGB, o serviço de segurança da União Soviética, Putin conhece muito bem as ameaças que existem ao seu redor, especialmente em tempos de guerra.
O mandatário lidera a invasão russa à Ucrânia, e isso representa alguns riscos adicionais para sua segurança.
Mas quem está realmente encarregado de protegê-lo? E quais são algumas das medidas que são tomadas para mantê-lo seguro? A BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, reuniu alguns pontos sobre o assunto.
Ampla equipe de segurança
Entre os vários serviços de segurança que operam atualmente na Rússia, há um especialmente dedicado a proteger o presidente e sua família: o Serviço de Segurança Presidencial da Rússia.
Esse esquadrão se reporta ao Serviço Federal de Proteção da Rússia (FSO), que tem suas origens na antiga KGB, e que também protege outros servidores de alto escalão do governo, incluindo o primeiro-ministro do país, Mikhail Mishustin.
É desse órgão que vêm os homens vestidos de preto com fones de ouvido que protegem o presidente 24 horas por dia.
De acordo com o Russia Beyond, uma agência estatal, quando esses agentes acompanham Putin em atividades no exterior, eles se organizam em quatro círculos.
O círculo mais próximo é composto por guarda-costas pessoais do presidente.
O segundo é formado por guardas disfarçados, que passam despercebidos em público. O terceiro circunda o perímetro da multidão, impedindo a entrada de pessoas suspeitas.
E o quarto e último círculo é formado por franco-atiradores localizados em telhados de prédios vizinhos.
Esses agentes também acompanham Putin quando ele se desloca de um lugar a outro.
“Putin não gosta de helicópteros, ele costuma viajar com uma carreata enorme, com motociclistas, muitos carros pretos grandes, caminhões etc. Qualquer drone que possa estar no espaço aéreo é bloqueado e o tráfego é interrompido”, diz Mark Galeotti, especialista em segurança russa e diretor da Mayak Intelligence, consultoria dedicada a analisar questões de segurança no país.
O Serviço de Segurança Presidencial russo é apoiado pela “Guarda Nacional Russa”, ou Rosgvardia, que foi formada pelo próprio Putin há seis anos. Alguns descreveram o órgão como uma espécie de “exército pessoal” do presidente.
Esse grupo é independente das Forças Armadas e, embora sua missão oficial seja proteger as fronteiras, combater o terrorismo e proteger a ordem pública, entre outras tarefas, na prática um de seus principais objetivos é proteger Putin de possíveis ameaças.
“Todo mundo sabe que eles são em grande parte guarda-costas pessoais de Putin”, diz Stephen Hall, especialista em política russa da Universidade de Bath, no Reino Unido.
“E o presidente está muito protegido por eles e pelo resto dos serviços de segurança”, acrescenta.
Atualmente, o chefe da Guarda Nacional é Viktor Zolotov, um ex-guarda-costas de Putin. Zolotov é um aliado leal do presidente e nos últimos anos aumentou em cerca de 400 mil o número de militares que integram essa força de segurança.
“É um número enorme, as unidades de segurança para presidentes como os Estados Unidos não chegam nem perto desse contingente”, diz Hall.
Medidas de proteção
Embora seja difícil saber até que ponto vão as medidas que buscam proteger Putin, o próprio Kremlin e especialistas em segurança lançaram alguma luz sobre o assunto.
Uma das questões tratadas com mais cautela é a alimentação.
Segundo Mark Galeotti, Putin tem um “provador pessoal” que confere tudo o que o presidente vai comer. O objetivo é impedir um possível envenenamento.
“Faz parte de um estilo mais próximo ao de um monarca medieval do que de um presidente moderno”, diz Galeotti à BBC News Mundo.
Além disso, quando Putin viaja para fora da Rússia, a equipe do presidente cuida de tudo que ele consome.
“Eles pegam toda a comida e bebida que ele vai consumir. Então, por exemplo, se tem um brinde oficial com champanhe, ele pega da garrafa que sua equipe traz, não a que é servida no evento”, explica Galeotti.
Stephen Hall, por sua vez, diz que seus guarda-costas observam atentamente como a comida é produzida para evitar qualquer risco.
Telefones inteligentes
Outra medida que busca proteger Putin é o bloqueio de smartphones dentro do Kremlin.
O próprio presidente confirmou que não usa esses dispositivos. Em 2020, em entrevista à agência de notícias estatal TASS, ele admitiu isso, também apontando que, se quisesse conversar com alguém, havia uma linha oficial para fazê-lo.
Seus conselheiros também admitiram essa estratégia. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse repetidamente que Putin não usa telefones celulares porque “não tem muito tempo”.
Entre as razões que explicam a relutância é uma profunda desconfiança da internet por parte de Putin. As informações são da BBC News.