Quinta-feira, 25 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de setembro de 2025
Trump e Lula poderão se encontrar cara a cara pela primeira vez nos corredores da ONU.
Foto: Ricardo Stuckert/PR e ReproduçãoO presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se converter no principal antagonista do presidente americano, Donald Trump, durante a abertura da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
Essa é a primeira viagem oficial de Lula aos Estados Unidos desde a posse de Trump, em janeiro. Desde então, a relação do Palácio do Planalto com a Casa Branca piorou sensivelmente.
O presidente desembarcou na noite de domingo (21) com uma comitiva mais enxuta que de costume e foi alvo de protestos de opositores . As atividades oficiais começaram na manhã dessa segunda-feira (22).
Os presidentes poderão se encontrar cara a cara pela primeira vez nos corredores da ONU. Como de praxe, cabe ao Brasil fazer o discurso de abertura do Debate Geral da assembleia, na manhã desta terça-feira (23).
Trump ocupará a tribuna logo após Lula encerrar seu pronunciamento. O governo brasileiro entende que os contrastes com Trump ficarão claros nos discursos de ambos.
Não há pedidos de conversa articulada entre eles. O governo Lula receia de gestos de humilhação ao presidente e pondera que o ambiente não é propício para uma discussão substantiva da relação bilateral, mas não descarta um aperto de mãos caso se cruzem no corredor. Lula deve assistir ao discurso de Trump no plenário.
Os mais experientes ex-embaixadores brasileiros em Washington, estudiosos da relação bilateral, classificaram o atual momento como o pior em 200 anos de relações diplomáticas. Ameaças de novas punições ao Brasil em virtude do apoio de Trump ao ex-presidente Jair Bolsonaro tendem a degradar ainda mais esse relacionamento e podem ser concretizadas durante a estada do petista nos EUA.
Esses diplomatas avaliam que Lula errou ao apoiar os democratas para sucessão de Joe Biden, mas concordam que o republicano praticou uma ingerência na política doméstica brasileira. Eles divergem sobre a conveniência de um contato direto e pessoal com Trump, como um telefonema.
Os diplomatas dos dois países não escondem que a divergência tem razão política. A Casa Branca insiste na tese de suposta defesa da liberdade de expressão por parte de Trump, que vê uma caça às bruxas na condenação de Bolsonaro, com quem ele se comparou, e na alegada perseguição às plataformas digitais – big techs.
O Planalto, porém, enxerga no tarifaço de 50% e na pressão por meio de sanções pessoais (corte de vistos e cerco financeiro da Lei Magnistky) a ministros do governo e do Supremo Tribunal Federal, sobretudo a Alexandre de Moraes, uma tentativa de ingerência nas eleições de 2026. Segundo essa leitura, Trump quer ver um governo “submisso” no maior país da América Latina, conter a esquerda e uma postura “insubordinada” de Lula no que consideram o “quintal” e zona de crescente influência geoeconômica da China.
Nos bastidores, existe o temor de que autoridades públicas brasileiras sejam alvo de novas sanções ou até mesmo que o País sofra com novas tarifas e sanções secundárias sobre a compra do diesel e fertilizantes russos. Caso se confirmem, Lula deve reagir já na tribuna da ONU.