Domingo, 22 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 21 de junho de 2025
Vivendo há mais de três meses nos Estados Unidos, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) mantém o discurso de “exílio político” enquanto articula sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A estadia, que completa quatro meses na próxima semana, tem recebido críticas de parlamentares do entorno do deputado que reclamam da falta de “resultados concretos” e reprovam o compartilhamento de viagens e eventos por sua esposa, Heloísa Bolsonaro, nas redes sociais, que inclui participação em rodeio e até uma viagem à Disney.
Eduardo e a família estão nos Estados Unidos desde fevereiro, mas a localização exata onde residem não foi informada. O filho do ex-presidente já expressou o desejo de permanecer mais tempo no país, considerando alternativas como pedido de asilo ou mudança para visto de trabalho. Ele inclusive admitiu que pode renunciar ao mandato. A avaliação dele, segundo aliados, é de que só poderá retornar ao Brasil se alcançar alguma sanção significativa contra o ministro do STF.
Durante esse período, Eduardo esteve na Casa Branca ao menos duas vezes. Em abril, publicou uma foto ao lado do comentarista Paulo Figueiredo Filho, descrevendo o momento como um “dia de trabalho” na sede do governo norte-americano.
Em maio, Eduardo divulgou encontro com Brian Mast, presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos EUA, e com o deputado Cory Mills – que questionou publicamente o secretário de Estado, Marco Rubio, sobre possíveis sanções a Alexandre de Moraes.
Sem resultados
Apesar das demonstrações de esforços para buscar sanções contra Moraes, parlamentares acreditam que, até o momento, Eduardo não conseguiu entregar resultados concretos. Sua conquista mais contundente foi o pronunciamento de Rubio, que em audiência na Câmara declarou que “há uma grande possibilidade” de Moraes ser alvo de sanções com base na Lei Magnitsky. A fala de Marco Rúbio, no entanto, foi classificada por parlamentares como “genérica”.
Para um deputado próximo ao filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a “empolgação excessiva” de Eduardo e aliados com Paulo Figueiredo é “superestimada”, já que o Brasil não é prioridade para os EUA. Além disso, a piada de Bolsonaro ao sugerir Moraes como seu vice em 2026 durante o julgamento foi vista como um “erro estratégico”, por enfraquecer o discurso de enfrentamento sustentado por Eduardo.
Rodeio e viagem à Disney
A família de Eduardo Bolsonaro vive nos Estados Unidos com economias próprias, mas também contam com apoio financeiro de seu pai. O ex-presidente afirmou ter enviado R$ 2 milhões ao filho, parte de um montante de R$ 17 milhões recebidos por ele em 2023, provenientes de uma campanha de apoiadores. Eduardo reclamou da falta de apoio financeiro por parte do PL, e chegou a cogitar migrar para o PP.
“Lá fora, tudo é mais caro. Eu tenho dois netos, um de 4 e outro de um ano. Ele [Eduardo] está lá fora e eu não quero que ele passe dificuldades. É muito? É bastante dinheiro. Lá nos Estados Unidos pode ser nem tanto, dá uns US$ 350 mil, mas eu quero o bem-estar dele e graças a Deus eu tive como depositar esse dinheiro na conta dele”, afirmou Bolsonaro.
Apesar da narrativa, ele e a família também têm desfrutado de eventos e viagens pelo país durante a estadia. Em maio, ele e sua esposa participaram do campeonato mundial de rodeio da Professional Bull Riders (PBR), realizado no AT&T Stadium, em Arlington, com o senador Flávio Bolsonaro (PL), irmão de Eduardo. Na ocasião, Heloísa publicou fotos do evento. A publicação, no entanto, foi apagada posteriormente.
No início do mês, a família comemorou o aniversário de Heloísa na Disney, em Orlando, com a presença da mãe de Eduardo, Rogéria Bolsonaro. Heloísa compartilhou nas redes sociais que foi “um sonho” levar a sogra ao parque.
Entre os parlamentares, as publicações feitas pela esposa de Eduardo não reverberam bem. Um parlamentar comparou Heloísa à primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, segundo ele, a esposa de Eduardo seria a “Janja da direita”. Outro deputado afirmou até mesmo que o filho do ex-presidente e a família já tinham intenções de se mudar para os Estados Unidos e usaram a narrativa de perseguição como uma “desculpa perfeita”. Com informações de O Estado de S. Paulo