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Colunistas Herança maldita

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Metade do abono de Natal só sairá no meio do ano após decreto presidencial. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Foram Luiz Inácio Lula da Silva e o PT, quando chegaram ao governo que, de ideia pensada, deram corpo à teoria da “herança maldita”. Com um viés deformado dos valores republicanos, agindo com o propósito de estruturar um projeto duradouro de poder, não era bastante vencer os adversários políticos, era preciso sepultá-los de vez. E assim se ocuparam terrivelmente (não é a palavra exata, mas não resisto a usá-la, agora que entrou na moda pela voz de Bolsonaro) em desabonar os governos tucanos e a era FHC.

A “herança maldita” tinha uma vantagem adicional de ser uma roupagem sutil do truque manjado de desqualificar a obra dos adversários para realçar os próprios méritos: era preciso não apenas dar conta das colossais tarefas de governo, mas de remover os obstáculos e corrigir os erros deixados pelos governantes anteriores. Foi o auge do “nunca antes na história deste País”, do “nós contra eles”, da gabolice explícita da era Lula, que desembocou em Bolsonaro.

Lamentavelmente, não há nada que um governo atual siga com mais denodo do que os maus exemplos do(s) anterior(es). Bolsonaro aderiu desde logo à doutrina, agora para desmerecer e criticar todos os governos que o antecederam, desde FHC, passando por Lula, Dilma e Temer. Deve ser um aspecto da “nova política” que, no caso, não tem nada de original.

Tal como Lula, Bolsonaro parece pensar que o Brasil começou com ele. Está sempre pronto para falar dos males herdados dos governos anteriores, e quando acontece uma coisa boa no seu governo, ele corre para o abraço, como se tivesse feito o gol decisivo do campeonato, mesmo quando ele é o batedor de pênalti sem goleiro.

Foi assim no acordo do Mercosul com a União Europeia – tema pelo qual nunca mostrou senão desprezo e desinteresse, pois navegava na onda de combate ao multilateralismo e à globalização. Assinado o tratado, Bolsonaro chamou os méritos para si e para o ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores. Dias depois – sejamos justos – o presidente elogiou o papel do governo Temer, que deu grande impulso para o acordo histórico.

Agora, a reforma da Previdência é anunciada como obra sua, resultado de sua “nova política”. Há controvérsias. Há quem diga que ele mais atrapalhou do que ajudou. Sim, o governo, o bolsonarismo têm o direito de comemorar o que se avançou até aqui na questão. Mas que o façam – manda o senso de medida – com a discrição que corresponda ao papel modesto que desempenharam.

As coisas acontecem na época e na conjuntura certas. Foi um longo caminho percorrido para chegar até agora – e vem desde FHC, desde as “heranças malditas”. Não houve mão mágica – o êxito da reforma passou por muitas mãos.

De todo o modo é muito cedo para comemorar. Restam ainda votações na Câmara, no Senado e provavelmente depois, de novo na Câmara. Para que não haja o risco de novos recuos, e não desbastem ainda mais o texto final, será preciso maior engajamento do governo como um todo. Depende muito de Bolsonaro. Ele sempre está muito atarefado em assuntos triviais e periféricos. Não sei se encontrará tempo de trabalhar firme para assegurar as posições conquistadas na reforma.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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