Terça-feira, 03 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 30 de julho de 2017
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Procurando a discórdia
O demônio caminhava por uma trilha no meio de dois campos, onde lavradores colhiam uvas.
“Vou semear um pouco daquilo que os seres humanos mais gostam: ter razão no que dizem”, pensou.
Colocou um chapéu onde a metade direita era verde, e a outra metade amarela.
– Sigam-me para encontrar um tesouro!- gritou para os camponeses. Depois, escondeu-se atrás de uma árvore.
Os trabalhadores correram para a estrada.
– Vamos seguir o senhor de chapéu verde – disseram os homens do campo à direita.
– Vocês estão querendo nos enganar: devemos seguir alguém de chapéu amarelo – gritavam os homens do campo à esquerda.
A discussão aumentou. Meia hora depois, os lavradores haviam esquecido o tesouro, e se matavam a golpe de foice – para ver quem tinha razão sobre a cor do chapéu.
Nenhum já é muito
Um homem chamou um padre para fazer um exorcismo em sua casa. Foi morar num hotel, e deixou-o entregue ao trabalho.
O sacerdote passou alguns dias dormindo no lugar mal-assombrado, colocou água-benta em todos os quartos, fez orações e, quando deu sua tarefa por encerrada, chamou de volta o proprietário, dizendo que o resultado fora excelente.
– Quantos demônios você exorcizou? – perguntou o dono da casa.
– Nenhum.
– Então com o resultado pode ter sido excelente?
– Quando se está lidando com as forças do mal, nenhum é a melhor coisa que pode acontecer.
Na busca da verdade
O demônio conversava com seus amigos, quando notaram um homem caminhando por uma estrada. Acompanharam seu trajeto com os olhos, e viram que ele abaixou-se para pegar algo no chão.
– O que ele encontrou? – perguntou um dos amigos.
– Um pedaço da Verdade – respondeu o demônio.
Os amigos ficaram preocupadíssimos. Afinal de contas, um pedaço da Verdade poderia salvar a alma daquele homem – e seria menos um no Inferno. Mas o demônio continuava imperturbável, olhando a paisagem.
– Você não se preocupa? – disse um dos seus companheiros. – Ele achou um pedaço da Verdade!
– Não me preocupo – respondeu o demônio. – Sabe o que ele fará com este pedaço? Como sempre, vai criar uma nova religião. E conseguirá afastar mais pessoas da Verdade total.
A tentação do justo
Um grupo de demônios procurava entrar na alma de um homem santo que vivia perto do Cairo; já o haviam tentado com mulheres da Núbia, comidas do Egito, tesouros da Líbia, mas nada havia dado resultado.
Um dia, Satanás ia passando, e viu o esforço de seus servos.
– Vocês não entendem nada – disse Satanás. – Não utilizaram a única tentação que ninguém resiste; vou ensiná-los.
Aproximando-se do homem santo, sussurrou em seus ouvidos:
– Lembra do padre que estudou com você? Acaba de ser nomeado Bispo de Alexandria.
Na mesma hora, o homem santo teve um ataque de raiva, e blasfemou contra a injustiça, a de Deus.
– Da próxima vez, usem logo esta tentação – disse Satanás aos servos. – Um homem pode resistir a quase tudo, mas sempre tem inveja da vitória do seu irmão.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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