Quarta-feira, 31 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de junho de 2023
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou na tarde desta sexta-feira (230) que se sente apunhalado pelas costas após a condenação imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o tornou inelegível por oito anos. A defesa do ex-presidente já adiantou que vai recorrer da decisão.
“Há pouco tempo levei uma facada na barriga. E hoje tomei uma facada nas costas com a inelegibilidade e abuso de poder político”, afirmou Bolsonaro, em um restaurante em Belo Horizonte, quando já havia maioria no TSE pela sua condenação.
Durante a entrevista, Bolsonaro voltou a criticar a Justiça Eleitoral e também disse acreditar ter sofrido a primeira condenação por abuso de poder político e que se trata, nas suas palavras, um “crime sem corrupção”. O ex-presidente disse que foi condenado pelo “conjunto da obra” e que o TSE trabalhou contra ele.
Bolsonaro voltou a afirmar que sempre respeitou a Constituição. O ex-presidente foi condenado, por 5 votos a 2, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, em razão de reunião promovida por ele, no Palácio do Alvorada, com embaixadores estrangeiros, em julho de 2022. Durante o encontro, transmitido ao vivo pela TV Brasil, o então presidente fez acusações sem provas ao sistema de votação e fez ataques à Justiça Eleitoral.
Próximo passo
Após a sessão do TSE, o advogado Tarcisio Vieria afirmou que vai esperar a publicação do acórdão da decisão para decidir qual a melhor estratégia a seguir. A defesa pode recorrer tanto ao TSE quanto ao STF. Após o julgamento, o advogado disse que era preciso ter acesso às íntegras dos votos de todos os sete ministros para, então, decidir qual recurso apresentar.
“A defesa recebe com profundo respeito a decisão do tribunal e aguarda divulgação oficial do inteiro teor dos votos e composição do acórdão do julgamento para depois da publicação verificar qual é a melhor estratégia possível, inclusive recorrer ao STF”, disse Tarcisio.
Ele, que já foi ministro do TSE, disse não considerar ético “nenhum advogado comentar votos individuais dos ministros” e que só iria se pronunciar posteriormente.
O caminho mais provável, como o julgamento não foi unânime, é que a defesa de Bolsonaro recorra da decisão primeiro no próprio TSE e, em caso de derrota, siga para o Supremo.
Futuro político
Na mesma entrevista, Bolsonaro diz que a decisão do TSE deixa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sem oponente à altura para disputar a eleição de 2026.
“Quem seria a oposição para o atual mandatário que está aí em 2026? No momento não temos um nome. Pode ser que apareça. Seria quase que um W.O. por aclamação, continuar o mandato de Lula”, afirmou Bolsonaro.
Questionado sobre nomes possíveis para substituí-lo em 2026, Bolsonaro disse: “Não estou morto, vamos continuar trabalhando. Não é o fim da direita no Brasil”. Perguntado se preferiria apoiar para candidatura à presidência da República em 2026 o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), Bolsonaro disse: “por enquanto, prefiro o Johnny Bravo”, citando o personagem de desenho animado ao qual ele já se comparou em outras ocasiões.