Por Redação O Sul | 12 de novembro de 2025
O primeiro-ministro da Holanda, Dick Schoof, anunciou durante uma visita ao Cairo que seu país devolverá uma antiga escultura ao Egito, após a constatação de que o artefato foi saqueado e transportado ilegalmente para uma cidade holandesa.
O artefato, uma cabeça de pedra de cerca de 3.500 anos, apareceu em uma feira e exposição de arte em Maastricht em 2022, de acordo com um comunicado à imprensa da Inspetoria de Informação e Patrimônio da Holanda.
Autoridades holandesas determinaram que a peça foi roubada durante os distúrbios da Primavera Árabe em 2011 ou 2012. O governo holandês informou que devolverá a peça ao embaixador egípcio na Holanda no final do ano.
“Após uma denúncia anônima sobre a origem ilegal do objeto, o negociante entregou voluntariamente a escultura”, diz o comunicado.
A escultura representa um alto funcionário da dinastia do faraó Tutmés 3º, de cerca de 1479 a 1425 a.C., cujas campanhas militares consolidaram a posição do Egito como uma das superpotências da região, de acordo com o Museu Nacional da Civilização Egípcia no Cairo.
O valor dos artefatos roubados durante a Primavera Árabe é “incalculável”, disse Christopher Marinello, advogado que ajuda na recuperação de obras de arte perdidas.
Durante a revolução, ocorreu um saque sofisticado e sistemático em importantes sítios arqueológicos egípcios, de acordo com autoridades egípcias e americanas. Houve também casos, no auge da Primavera Árabe, de moradores locais formando correntes humanas para proteger artefatos em museus.
Peças roubadas frequentemente reaparecem anos depois, nos Estados Unidos ou na Europa. Foi uma sorte, de certa forma, que esta escultura tenha aparecido na Tefaf Maastricht, pois a feira é conhecida por seguir um rigoroso código de conduta, afirmou Marinello, fundador e CEO da Art Recovery International.
A presença do artefato em uma feira de arte tão renomada, onde museus compram itens para adicionar às suas coleções, demonstra sua importância. “Objetos não aparecem em Maastricht a menos que sejam de qualidade museológica”, disse ele.
Os negociantes em Maastricht são de alto nível e cooperativos porque não querem o risco de reputação de possuir um item que tenha sido comprovadamente roubado, afirmou Marinello.
O premiê holandês estava no Egito para uma visita de dois dias que coincidiu com a inauguração oficial do Grande Museu Egípcio. Ele se encontrou com o presidente egípcio Abdel Fattah el-Sissi, juntamente com líderes da Bélgica e de Luxemburgo.
A cerimônia de inauguração do Grande Museu Egípcio foi um espetáculo noturno suntuoso, com dezenas de dançarinos vestidos com trajes faraônicos brancos e dourados, dançando em coreografias elaboradas em frente ao novo museu e aos pés das pirâmides e da Grande Esfinge de Gizé.
O sítio arqueológico foi iluminado com luzes coloridas, enquanto feixes de laser eram projetados em direção a enormes exibições de drones luminosos que mudavam de forma, chegando a formar a imagem da icônica máscara funerária de ouro do Rei Tutancâmon.
Todo o país foi contagiado pela euforia da inauguração do museu. Praças foram equipadas com telões para exibir a cerimônia para o público. Celebridades egípcias que postaram imagens geradas por inteligência artificial de si mesmas vestidas como faraós antigos iniciaram uma tendência nas redes sociais, com egípcios comuns seguindo o exemplo e postando suas próprias versões. As informações são do jornal The New York Times.
