Segunda-feira, 03 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de julho de 2021
Foguete Blue Origin tenta avançar em turismo espacial.
Foto: Blue Origin/DivulgaçãoDuas semanas após deixar o comando da Amazon, Jeff Bezos se prepara para o voo mais ousado de sua vida – literalmente. Na terça-feira (20), o homem mais rico do mundo deve embarcar em um foguete da Blue Origin, sua empresa de exploração espacial, para dar uma “voltinha” com vista privilegiada da Terra, a 100 km de altitude. Se tudo der certo, a viagem ajudará a Blue Origin a avançar no turismo espacial e a mostrar que não é uma empresa retardatária dentro do leque de apostas do bilionário.
Embora a nave New Shepard ostente grandes janelas panorâmicas e cadeiras superconfortáveis, ela também deve entregar pitadas de muita emoção. Este será o primeiro voo tripulado da Blue Origin desde que foi fundada, em 2000. São esperados 11 minutos de viagem, que terá três etapas, cada uma com suas particularidades: o lançamento do foguete no oeste do Texas (EUA), a separação da cápsula com os passageiros e o retorno da tripulação à Terra em queda livre com paraquedas em direção à mesma região desértica de onde partiu.
Desenvolvido especialmente para turismo espacial, o foguete oferece apenas um aperitivo do que é estar fora da Terra, com um gostinho de microgravidade: a ideia é cruzar a linha de Karman, que por convenção internacional marca o início do espaço. Ou seja, a nave não chega a entrar em órbita – por isso o voo é chamado de suborbital – e vai passar longe da Estação Espacial Internacional, que está em órbita há 408 km de distância da Terra.
Em testes desde 2015, o foguete da Blue Origin já realizou 15 voos, mas nenhum com passageiros a bordo – o nome da nave é uma homenagem ao astronauta Alan Shepard, primeiro americano a ir para o espaço, em 1961. A New Shepard tem como diferencial tecnológico seu sistema de inteligência artificial (IA): o veículo é totalmente autônomo, o que significa que todos a bordo são passageiros, sem pilotos no comando. Além disso, mirando o barateamento das viagens espaciais, a Blue Origin usa uma técnica de reutilização de foguete, em que o lançador desce verticalmente para a Terra depois de cumprir o objetivo de lançar a cápsula – é um método bastante explorado pela SpaceX, de Elon Musk.
Bezos não será o único a ser guiado pela IA: devem estar a bordo o seu irmão, uma pioneira do setor aeroespacial de 82 anos e um jovem de 18 anos. Por enquanto, o parâmetro do preço para um assento na nave é um leilão de US$ 28 milhões, abocanhado no mês passado por um milionário desconhecido, que acabou desistindo desta viagem. A Blue Origin ainda não revela os preços oficiais dos voos – a Virgin Galactic, outra empresa do ramo, já estabelece o valor de US$ 250 mil por assento.
Assim, aumenta-se a pressão para que nada saia errado. “Quem estiver nesta viagem, estará sentado em cima de dez andares de combustível de foguete, que são extremamente violentos. Se acontecer alguma falha no lançamento, ele pode explodir”, explica Annibal Hetem, professor de propulsão espacial da Universidade Federal do ABC (UFABC).
“Quem estiver nesta viagem, estará sentado em cima de dez andares de combustível de foguete, que são extremamente violentos. Se acontecer alguma falha no lançamento, ele pode explodir”, comenta Annibal Hetem, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC).
Para especialistas, apesar dos riscos inerentes a um voo de foguete, completar a viagem é uma tarefa factível. “O procedimento proposto pela Blue Origin é um tipo de lançamento balístico já bastante conhecido e dominado há muito tempo. O voo lembra muito os lançamentos do projeto Mercury, que antecederam as Apollo”, afirma Cassio Leandro Dal Ri Barbosa, astrônomo e professor do Centro Universitário da FEI.
No domingo (11), a Virgin Galactic conseguiu executar com sucesso o voo do bilionário Richard Branson – também foi uma viagem suborbital. Anunciado depois e executado antes do voo da Blue Origin, o feito foi apontado como o pontapé inicial para uma nova era de turismo espacial privado.