Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de novembro de 2020
Um homem, de 64 anos, votou pela primeira vez para presidente na última terça-feira (3) após passar 28 anos no corredor da morte, condenado injustamente pelo assassinato de duas pessoas em Atlanta (Geórgia, EUA), em 1985.
Anthony Ray Hinton, cuja história foi contada pela HBO, passou mais de 30 anos preso. Ele foi solto em 2015, mas não estava apto para votar na eleição de 2016, vencida por Donald Trump. Em 2018, graças a uma mudança na lei do Alabama, o ex-detento recuperou o direito ao voto.
“Você não conhece a liberdade até perdê-la”, disse Anthony Ray ao jornal The Washington Post. “Ficar preso por mais de 30 anos me fez perceber a importância de votar. Ao não votar, você permite que pessoas se sentem ao volante e o oprimam ainda mais”, acrescentou.
No julgamento, o americano foi condenado, aos 29 anos, por causa de um revólver que pertencia à mãe dele. Muitos anos depois, um parecer assinado por especialistas em balística concluiu que as balas usadas no crime eram incompatíveis com a arma de fogo. Assim, um novo julgamento foi realizado, terminando com a absolvição de Anthony Ray.
Cor da pele
Em entrevista à BBC, ele afirmou que a cor da sua pele foi determinante para a condenação. “Meu caso foi construído em cima de racismo e mentira”, disse.
“Eles tinham apenas um jovem negro – eu tinha 29 anos e não tinha dinheiro – e isso nos Estados Unidos, especialmente no Sul, significa condenação.”
Não houve testemunhas, nem impressões digitais encontradas que comprovassem a culpa de Hinton no homicídio de dois gerentes de restaurantes há 30 anos. O réu conta que tinha um álibi para comprovar sua inocência, mas que os investigadores nunca foram checá-lo.
“Eu estava no trabalho quando um dos crimes aconteceu. Isso não era o suficiente para eles. Eles nem mesmo começaram a checar meu álibi.”
Depois de 30 anos preso, o réu acredita que seu caso teria tido tratamento diferente se fosse branco.
“Acho que se eu fosse branco, eles teriam testado a arma e veriam que as balas não poderiam ter vindo dela, e eu teria sido libertado. Mas quando você é pobre e negro nos Estados Unidos, você tem grandes chances de ir para a cadeia por um crime que não cometeu.” As informações são do jornal Extra e da BBC News.