Quarta-feira, 31 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de dezembro de 2025
O desemprego no Brasil, que em outubro deste ano já havia chegado ao seu menor nível da série histórica, iniciada em 2012, renovou o recorde no trimestre encerrado em novembro, com a taxa de 5,2%. O número veio abaixo do esperado por analistas de mercado, que projetavam estabilidade em 5,4%.
Economistas explicam que é natural que os efeitos dos juros altos e de uma economia em desaceleração cheguem por último no mercado de trabalho. Mesmo assim, o resultado de novembro continua sendo surpreendente, ainda mais por trazer, além da taxa de desocupação recorde, um aumento da ocupação e da força de trabalho.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e foram divulgados pelo IBGE nesta terça-feira. Também hoje, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que só traz informações sobre trabalho com carteira assinada, com base no que as empresas informam ao ministério.
Segundo o Caged, o Brasil criou 85.864 empregos formais em novembro, volume 19,1% inferior ao registrado no mesmo mês do ano passado, quando foram gerados 106.133 postos.
Já a pesquisa do IBGE mostra que houve vários marcos históricos renovados. Nos três meses até novembro, havia 5,644 milhões de pessoas desempregadas. O IBGE considera desempregado quem não tem emprego, mas está busca trabalho. É o menor número absoluto já registrado na Pnad.
A quantidade de pessoas ocupadas também teve novo recorde, chegando a 103,0 milhões. Assim, o nível da ocupação também alcançou o maior percentual da série histórica: 59%.
Segundo Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa, quando há um conjunto significativo de pessoas ocupadas, isso mobiliza um grande volume da massa de rendimento circulando, o que é revertido em consumo. Com isso, há uma economia com muitos trabalhadores com um rendimento alto, o que possibilita que haja esse estabelecimento do mercado de trabalho em patamares tão favoráveis.
Ela acrescenta que, embora tenha sido muito esperada uma aceleração da inflação, diante dos níveis de rendimento em patamares elevados, isso não ocorreu, o que permitiu que o mercado de trabalho tenha conseguido manter seus ganhos cumulativos.
Renda
Com o aumento da ocupação, a renda média dos trabalhadores do país também bateu mais um recorde, chegando a R$ 3.574, e crescendo 1,8% em relação ao trimestre anterior e 4,5% em relação ao mesmo período de 2024.
Esse número foi puxado sobretudo pela alta no rendimento dos trabalhadores em Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas.
A massa de rendimento real habitual também registrou seu maior nível, chegando em R$ 363,7 bilhões, com altas de 2,5% (mais R$ 9 bilhões) no trimestre e de 5,8% (mais R$ 19,9 bilhões) no ano.
Apesar da surpresa positiva na taxa de desemprego de novembro, os analistas reforçam que é necessário considerar a sazonalidade do último trimestre, quando mais empregos, sobretudo temporários, são gerados para suprir a maior demanda gerada pelo consumo intenso com as festas de fim de ano.
Ele diz ainda que, embora que o mercado de trabalho esteja melhor do que o esperado, pode ser um movimento apenas pontual, que não necessariamente vai continuar ocorrendo nos próximos meses.
Outros fatores que permitem que o nível da desocupação esteja em patamares tão baixos, segundo o economista, são as mudanças estruturais que vem sendo observadas no mercado de trabalho desde o fim da pandemia.
Ele menciona o maior número de empregos plataformizados, a digitalização das empresas, além do impacto de reformas institucionais e do envelhecimento da população.
Já Claudia Moreno, economista do C6 Bank, chama atenção para o fato de que os dados, ainda que positivos, podem indicar que o país não está alcançando a produtividade que deveria ter com uma taxa de desemprego em níveis tão baixos.
Com o resultado de novembro, Duque já está revisando suas projeções de dezembro para baixo. Segundo ele, é possível até que a taxa caia a menos de 5%, embora acredite que ela deve ficar por volta de 5% e 5,1%, muito influenciada pela sazonalidade do fim de ano.
Já para 2026, a expectativa é de aumento no início do ano, também muito influenciado por movimentos sazonais, já que os contratos temporários de fim de ano acabam se encerrando. (Com informações do jornal O Globo)