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Por Redação O Sul | 29 de julho de 2017
O presidente da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), embaixador Roberto Jaguaribe, afirmou que “a imagem do País é fundamental para atrair investimentos”. Segundo ele, o Brasil vive um “momento delicado, em que a corrupção está escancarada para o mundo ver”. No entanto, Jaguaribe ressaltou a capacidade de resiliência do País.
“A ideia é dizer que, apesar da corrupção, o Brasil funciona. Apesar da recessão, não tem problemas sociais graves”, declarou em Porto Alegre, durante a sétima edição do Enecob (Encontro Nacional de Editores, Colunistas, Repórteres e Blogueiros), realizada nos dias 26 e 27 de julho com o tema “Exportação e Atração de Investimentos”.
De acordo com o embaixador, há um desequilíbrio entre o tamanho da economia brasileira, que está entre as 20 maiores do mundo, e a participação do Brasil no comércio exterior, já que as empresas nacionais pensam mais no mercado interno. Jaguaribe destacou a atuação da Apex para mudar essa realidade e impulsionar as exportações brasileiras, além de atrair investimentos estrangeiros para o Brasil.
Ele citou como exemplos a participação em feiras e grandes eventos internacionais e ressaltou a importância de o Brasil realizar eventos dos setores onde se destaca, principalmente o agronegócio, atividade na qual é o segundo maior país exportador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. O embaixador expôs a importância de conscientizar o produtor sobre o processo de globalização.
O presidente da Apex explicou que a agência busca “juntar todos os atores relevantes” para internacionalizar as empresas. “O Brasil tem uma multiplicidade de variáveis que são permanentemente atraentes”, sustentou, ressaltando a importância do agronegócio na balança comercial brasileira.
Jaguaribe também citou os graves problemas de logística e infraestrutura do País, que considera “questões definidoras” para o desenvolvimento econômico; a necessidade de redução de juros, da carga tributária e da burocracia para atrair investimentos estrangeiros; e a importância do comércio eletrônico.
A diretora de Negócios da Apex-Brasil, Marcia Nejaim, destacou que a agência apoia 80 segmentos da economia e que as Regiões Sul e Sudeste são as maiores exportadoras do País. Na primeira, destacam-se nas vendas externas a soja, o frango e os automóveis. Na segunda, o petróleo, o minério de ferro e o açúcar. Os principais destinos dos produtos dessas regiões são: China (17,3%), Estados Unidos (13%) e Argentina (8,7%).
“O diálogo com o setor privado nos fortalece”, disse a diretora durante a sua palestra no Enecob. Ela ressaltou que a Apex faz capacitação e foca nos mercados prioritários para incentivar os empresários a exportarem.
O gerente de Exportação da agência, Christiano Braga, ressaltou os projetos setoriais apoiados pela Apex, que geraram 30 bilhões de dólares em exportações, destacando-se o agronegócio, os alimentos e as bebidas. Ele apresentou o Peiex (Programa de Qualificação para Exportação), presente em 16 Estados brasileiros.
O objetivo do programa é estimular a competitividade e promover a cultura exportadora nas empresas, qualificando e ampliando os mercados para as indústrias iniciantes em comércio exterior. Logo após, foi apresentado o case da empresa gaúcha Ecotelhado, participante do Peiex.
A vice-presidente do CECIEx (Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras), Damaris Eugenia da Costa, abordou os desafios e as possibilidades para as empresas brasileiras nas exportações diretas e indiretas.
Na sequência do evento, a diretora técnica do Centro Brasil Design, Ana Brum, falou sobre a importância do design para os produtos, o que também foi ressaltado pelos demais palestrantes. Foi apresentado o Design Export, um programa que apoia empresas brasileiras no desenvolvimento de soluções inovadoras e de bom design voltadas à exportação.
O vice-coordenador-geral do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV, Paulo Branco, abordou a sustentabilidade como diferencial competitivo. O centro é referência no estudo das questões que envolvem sustentabilidade no contexto empresarial e de políticas públicas. Após, foi apresentado o case da empresa Heide Extratos Vegetais.
O segundo dia do evento foi aberto com a palestra de Kauê Linden, fundador da Hostnet, pioneira em hospedagem na internet no Brasil. Fundada em 2001, a empresa tem atualmente 30 mil clientes e receita de 1 milhão de reais por mês. Ele abordou o mercado de internet e a expansão internacional do modelo de franquias brasileiro.
O professor Marcos Troyjo, da Columbia University, encerrou o evento com a aplestra “O Brasil e as Novas Megatendências”. Ele ressaltou que o Brasil é o país do G20 que tem o menor coeficiente do PIB representado pelo comércio exterior e ressaltou a importância das vendas externas para o crescimento da economia brasileira.
Em relação ao Mercosul, Troyjo disse que o bloco foi muito importante no início por razões políticas, promovendo uma grande expansão comercial, mas que, desde 2003, não consegue avançar.
O tradicional evento Enecob, promovido pelo colunista Leandro Mazzini, autor da Coluna Esplanada, foi realizado no Novotel Três Figueiras, na Capital gaúcha, com a participação de mais de 30 portais e jornais de todo o País, entre eles O Sul. (Marcelo Warth/O Sul)