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Mundo Imigrantes enfrentam dura realidade para chegar nos Estados Unidos

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Os Lopez foram deixados em um antigo monastério depois de serem processados pelas autoridades de imigração. (Foto: Reprodução)

Quando chegou a Dallas, Texas, o ônibus vindo do Arizona estava com duas horas e 47 minutos de atraso. Tinha saído de Phoenix já lotado, recusando a entrada de passageiros que já tinham comprado passagem em Tucson, passando por El Paso, Texas, às duas da madrugada, e finalmente descarregando seus passageiros – imigrantes exaustos, a maioria vinda da América Central – pouco antes do crepúsculo no dia seguinte.

Uma placa no terminal rodoviário da empresa Greyhound indicava as rotas em funcionamento que já estavam acumulando atrasos. Todas demorariam mais do que o esperado; a maioria estava lotada. Um agente anunciou que aqueles que perderam suas conexões teriam de esperar na fila, e os passageiros (muitos deles sem dinheiro, nem comida, nem pertences além de suas mochilas meio vazias) escutavam as instruções em silêncio, estupefatos.

“Meu Deus, teremos que passar duas noites aqui”, murmurou Zuleima Lopez, 37 anos, recém-chegada da Guatemala com o marido e os três filhos, enquanto percorria com os olhos o deprimente panorama interno do terminal. As latas de lixo estavam lotadas, e um fedor marcante emanava dos banheiros. Mães, pais e crianças se aglomeravam sobre pedaços de papelão, cobertores imundos e casacos amassados.

Em uma das extremidades do terminal, vários passageiros disputavam vales-refeição de US$ 7,50 – sendo que o lanche mais barato disponível custava US$ 0,19 a mais do que esse valor – até que, com a fila pela metade, os papéis do agente acabaram. Ao longo da fronteira e no interior profundo dos Estados Unidos, os ônibus da Greyhound que percorrem o sistema de rodovias interestaduais se tornaram um elemento essencial em uma nova e extraordinária imigração.

Chegando aos milhares todos os dias, imigrantes da Guatemala, Honduras e El Salvador estão lotando os ônibus que partem das cidades fronteiriças. Todos os dias eles saem com destino a cidades de todo o país: Atlanta, Orlando, Richmond, Nova York, Los Angeles e Seattle.

Após um período inicial de aproximadamente 72 horas nos centros de processamento da Proteção Alfandegária e de Fronteira ao longo da divisa nacional, a grande maioria daqueles que entram no país são agora liberados sob custódia de centros de alívio sem fins lucrativos, onde recebem alimento e roupas. Dali, são colocados em ônibus da Greyhound com destino a lugares onde possam encontrar amigos, parentes ou a esperança de um emprego. Eles pagam caro, normalmente algo entre US$ 250 e US$ 300, geralmente adiantados por seus parentes nos EUA.

Longas filas de imigrantes cansados se tornaram uma cena comum nos terminais de ônibus do sudoeste americano – e uma nova e substancial fonte de renda para a empresa Greyhound, que passava por dificuldades. O termina da Greyhound em Dallas, sede da empresa, foi transformado na prática em um abrigo temporário para imigrantes.

Em McAllen, Texas, um dos pontos de travessia da fronteira mais movimentados, centenas de imigrantes lotam a estação diariamente, formando filas para embarcar nos ônibus. Em El Paso, centenas deles apareceram no terminal de uma vez, sem aviso, tentando encontrar uma forma de seguir viagem.

Zuleima Lopez e a família tinham viajado de ônibus por boa parte do caminho desde a Guatemala até atravessar o México, cruzando a fronteira americana com a ajuda de um contrabandista, mas nada os preparou para a nova jornada que teriam de enfrentar passando por Arizona, Novo México, Texas, Arkansas e Tennessee.

No terminal de Dallas, os imigrantes eram colocados em intermináveis fileiras de bancos lotados e sentavam-se no chão sujo. Zuleima temeu que as crianças adoecessem, mas estava cansada demais para pedir que não sentassem no chão e, além disso, onde mais eles poderiam se acomodar?

Se conseguissem chegar a Nashville, o irmão dela morava nos arredores, e prometeu ajudá-los a encontrar trabalho – desde que o tribunal de imigração concedesse a eles autorizações de trabalho. A família viveria com ele até conseguir se ajeitar. As crianças poderiam ir à escola e começar o aprendizado do inglês.

Mas, primeiro, eles teriam que sair de Dallas. Para tanto, teriam de esperar 48 horas, disse o agente da estação, pois tinham perdido sua conexão. “Não temos escolha”, disse Zuleima, soando cansada e derrotada. O marido, Hector, dirigia um olhar incrédulo para as novas passagens, mas nada disse.

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https://www.osul.com.br/imigrantes-enfrentam-dura-realidade-para-chegar-nos-estados-unidos/ Imigrantes enfrentam dura realidade para chegar nos Estados Unidos 2019-06-10
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