Domingo, 28 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de dezembro de 2025
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15), considerado a prévia da inflação oficial do País, ficou em 0,25% em dezembro, 0,05 ponto percentual acima do resultado de novembro. O resultado aponta que o índice encerrará o ano abaixo do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A meta é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Assim, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, não precisará escrever uma carta para justificar descumprimento da meta de inflação.
Os dados fazem parte do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e foram divulgados na terça-feira (23). O resultado veio em linha com o esperado. Economistas ouvidos pela Bloomberg projetavam alta em torno de 0,25% no mês, segundo mediana das projeções. No ano, a estimativa era cerca de 4,41%.
Economistas destacam que, embora os preços tenham subido pouco em dezembro e a inflação encerre o ano dentro do teto da meta, o cenário segue exigindo cautela por parte do Banco Central (BC), responsável por calibrar os juros para conter a inflação.
Leonardo Costa, economista do ASA, calcula que a inflação dos serviços subjacentes – que inclui serviços mais intensivos em mão de obra e exclui itens mais voláteis, indicando uma tendência mais estrutural dos preços – avançou para 5,76% no acumulado de 12 meses. Ele acredita que uma alta pode se repetir nos próximos dois meses. A mesma métrica para bens industrializados só teve melhor desempenho em dezembro por conta da queda do dólar e valorização do real este ano.
“O balanço qualitativo de dezembro foi pior do que o registrado nos últimos meses.”
Antonio Ricciardi, economista do Daycoval, também chama atenção para a pressão sobre os serviços subjacentes. “Os itens intensivos em trabalho mostraram aceleração com relação ao mês anterior. Este é um dos principais itens que o Banco Central gostaria de ver arrefecer. Portanto, reforça o cenário de cautela.”
Alexandre Maluf, economista da XP, também destaca o avanço dos serviços subjacentes como uma preocupação, e avalia que o índice desagregado de inflação veio “levemente pior que o esperado”. A inflação de serviços, conforme sua projeção, só deve desacelerar de 6% para 5,3% em 2026.
“Reforça nossa avaliação de que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve iniciar o ciclo de flexibilização apenas em março.”
O aumento dos preços em dezembro foi puxado, sobretudo, por passagens aéreas (alta de 12,71%, frente o mês anterior) e transporte por aplicativo, com avanço de 9% no mês. Os combustíveis subiram em média 0,26%, com altas de 1,70% no etanol e de 0,11% na gasolina. O gás veicular e o óleo diesel, por outro lado, recuaram 0,26% e 0,38%, respectivamente.
“Esse movimento era esperado dada a sazonalidade de aumento dos preços das passagens aéreas no final do ano”, diz Ricciardi, do Daycoval.
Os itens ligados a Vestuário também pressionaram o índice no mês, com alta nas roupas infantil (1,05%), feminina (0,98%) e masculina (0,70%).
Os descontos concedidos durante o período da Black Friday, que diluiu promoções ao longo do mês anterior, se reverteram mais rápido do que apontavam a maioria das projeções do mercado, destaca Mariana Rodrigues, economista da SulAmérica Investimentos.
Já o grupo Alimentação e bebidas, que segundo economistas exerce um dos maiores pesos sobre o orçamento familiar, variou 0,13% em dezembro. A alimentação no domicílio, que considera os itens comprados nos mercados, registrou queda pelo sétimo mês consecutivo, segundo o IBGE. Já alimentação fora de casa subiu 0,65% em dezembro, com altas do lanche (0,99%) e da refeição (0,62%). As informações são do jornal O Globo.