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Variedades Influenciadora digital diz que percebeu violência obstétrica no seu parto e que foi desacreditada por pessoas próximas

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Influencer diz ter ficado em choque ao ver imagens e que, antes de divulgá-las, pessoas próximas disseram que era "mimimi". (Foto: Reprodução/Instagram)

A influenciadora digital Shantal Verdelho disse à GloboNews na última sexta-feira (14) que percebeu a violência obstétrica que sofreu ao ver o vídeo do parto e que pessoas próximas duvidaram da denúncia antes de verem as imagens. O procedimento foi realizado pelo médico obstetra Renato Kalil em setembro de 2021.

“No início, eu recebi algumas pessoas me descredibilizando. Acho que temos muito essa cultura de descredibilizar a vítima independente do que for. As pessoas têm essa mania de levar para um lado de ‘Não vai se meter em confusão’ e sempre de privar a vítima de levar até o final o caminho correto, seja uma denúncia, seja tirar satisfação com o médico. De início tive bastante essa descredibilização, inclusive por pessoas próximas de mim. ‘Ah, isso é mimimi, besteira’, isso antes de as pessoas verem tantas imagens do parto.”

De acordo com a influencer, após as imagens terem sido divulgadas, as pessoas ficaram mais conscientes da situação e de que é um assunto relevante.

“Se você é mulher, tem grandes chances de passar por isso. Se você não é mulher, foi parido por uma, então acho que é de seu total interesse proteger essas mulheres. Eu vejo muito homens querendo tomar a liderança de proteger essa entidade que é o médico. Acho que eles têm de lembrar que ou foram paridos por uma e participaram de um parto, que pode ser suave ou pode ser como foi o meu.”

Ainda na entrevista, Shantal revelou que só percebeu que tinha sofrido violência obstétrica quando assistiu ao vídeo do parto.

“A hora que a minha ficha caiu foi quando eu assisti ao parto. Meu marido passou o parto todo com uma câmera presa à cabeça filmando tudo, e a gente demorou muito para ver esse vídeo porque o puerpério é aquele momento que a gente está sem dormir e focando na amamentação.”

“E quando a a gente assistiu ficamos em choque com o que aconteceu porque, do meu ponto de vista, como eu estava em posição ginecológica, que também pode ser considerado uma violência obstétrica se não é consentido para a mulher estar naquela posição, eu não conseguia enxergar algumas coisas, como a tentativa de abrir minha vagina, tirar a bebê antes de esperar uma próxima contração para ela sair naturalmente… No meu parto tiveram várias coisas que caracterizam a violência obstétrica, não foi uma, foram vários pontos.”

Shantal disse que na hora do parto já tinha se incomodado com a manobra de Kristeller adotada pelo médico. Trata-se de uma prática já banida pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por se tratar de uma técnica agressiva, que consiste em pressionar a parte superior do útero para acelerar a saída do bebê, o que pode causar lesões graves.

“Me sinto muito mal em pensar que minha filha pode ter sofrido com ela, porque é apertar a barriga”, afirmou Shantal.

A influencer registrou um boletim de ocorrência no 27º Distrito Policial na Zona Sul de São Paulo, contra Kalil, em que o acusa de ter cometido violência obstétrica durante o parto de sua filha. A polícia investiga o caso, que foi mantido em sigilo.

“Eu tive de fazer exame de corpo de delito, que é bem chato de fazer, e demos entrada em uma queixa criminal. Está com a polícia para averiguar tudo o que temos de prova, e as testemunhas estão sendo ouvidas”, afirmou.

O médico Renato Kalil nega as acusações e afirma que “o parto da Sra. Shantal aconteceu sem qualquer intercorrência e foi elogiado por ela em suas redes sociais durante trinta dias após o parto”.

Além da conclusão da investigação da polícia, Shantal disse que gostaria que houvesse um curso de reciclagem para médicos obstetras e que seria importante ter uma lei que criminalizasse a violência obstétrica.

“Eu estava vendo que muitos aprendem na faculdade a fazer a manobra de Kristeller e a episiotomia, porque naquela época eram procedimentos de rotina, então eles não se reciclam e continuam achando que tem de ser feito como um procedimento de rotina. [Seria importante] obrigar todos a passar por um curso para saber o que é hoje definido como violência obstétrica, o que não há mais comprovação científica do que deve ser feito.”

“E o próximo passo é que tenha uma punição para quem aja assim no parto. Acho que tem de ter uma lei que criminalize violência obstétrica, porque por mais que a pessoa tenha uma formação, se não tem uma punição, ela acaba fazendo.”

O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) abriu um processo interno de apuração sobre as denúncias da influencer.

O Centro de Apoio Operacional das Promotorias Criminais (CAOCrim) do Ministério Público de São Paulo pediu uma investigação contra o médico Renato Kalil em dezembro. A solicitação foi feita para a Promotoria de Violência Doméstica do Foro Central da capital paulista após a divulgação de reportagens sobre os casos.

O Ministério Público de São Paulo ouviu mais três mulheres que relatam ter sido vítimas de abusos cometidos pelo médico obstetra Renato Kalil, duas delas envolvendo violência sexual. Ao todo, cinco pacientes já tiveram denúncias que vieram a público contra Kalil, as primeiras delas por violência obstétrica durante o parto e consultas.

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