Quinta-feira, 16 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de outubro de 2018
Integrantes da cúpula das Forças Armadas demonstram preocupação com a possibilidade de o clima de violência política no País se intensificar após o segundo turno das eleições, que será realizado neste domingo. Comandantes do Exército, Marinha, Aeronáutica e outros membros de alta patente têm conversado sobre o receio de que grupos radicais, de ambos os lados, pratiquem atos extremos.
Os militares pregam que o próximo presidente da República, seja ele Jair Bolsonaro (PSL) ou Fernando Haddad (PT), faça da conciliação nacional uma prioridade após a votação no domingo. Esse tipo de receio não é gratuito: além de uma série de incidentes registrados durante a campanha, manifestações dos próprios políticos contribuem para o clima de guerra.
No mês passado, durante comício em Rio Branco (AC), Bolsonaro não se contentou em fazer os seus tradicionais gestos emulando armas de fogo: com um tripé de câmera fazendo as vezes de “metralhadora”, ele gritou, do alto de um carro de som: “Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre!”.
Após o discurso, Bolsonaro foi ovacionado pelo público presente. E um vídeo mostrando a cena foi compartilhado por internautas. A assessoria do candidato argumentou, porém, que a atitude envolveu apenas “uma brincadeira, como sempre”. No dia seguinte, o presidenciável recebeu uma facada no abdômen durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG).
Mais recentemente, em outubro um dos articuladores da campanha do PSL, Gustavo Bebianno (cotado para o Ministério da Justiça em um eventual governo de Bolsonaro) deixou claro que não pretende dialogar com partidos e movimentos de esquerda:
“Com o PT não. PT, PC do B, PSOL, não há diálogo, e não por intransigência nossa. Não há diálogo pelo histórico desses partidos. São partidos que nunca pensaram no País. Eles pensam no partido, é isso que nos divide. Eles pensam no partido, eles pensam no poder, eles pensam que toda corrupção cometida por eles é justificável. Entendemos que essa esquerda representa a mentalidade mais atrasada da face da Terra. É o esquerdismo bolivariano. É uma mentalidade que gera pobreza, que gera desigualdade, que gera violência e que tem o poder de aniquilar com qualquer sociedade organizada. Por isso com eles não haverá qualquer conversa.”
Votação
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) já pediu para as Forças ampliarem a segurança de cerca de 350 locais de votação e apuração neste domingo, número menor do que o solicitado no primeiro turno, quando foram ao menos 510.
Entre os dirigentes do PT, há uma forte preocupação com ataques no dia 28. O comando da sigla se reuniu com líderes de movimentos sociais para orientá-los a não intimidar opositores e a não cair em provocações. Assessores de Fernando Haddad também orientaram militantes a não andarem sozinhos no dia da eleição.
Com o receio de atos de violência, o partido vai fazer um chamado para que países “preocupados com a democracia” observem a votação no segundo turno. Se houver ataques a petistas, o discurso será o de que Bolsonaro deve ser visto como corresponsável pela violência.