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Inteligência artificial impacta mercado de trabalho e ameaça profissões; saiba quais

O avanço da inteligência artificial (IA) vem gerando preocupação no mercado profissional. (Foto: Reprodução)

O avanço da inteligência artificial (IA) vem gerando preocupação no mercado profissional. O Relatório do Futuro do Trabalho de 2025, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, aponta que a IA pode causar a perda de 92 milhões de empregos até 2030, além de extinguir algumas atividades. Especialistas ouvidos pelo jornal O Dia indicam quais profissões estão em risco e como os trabalhadores podem se preparar para as mudanças.

Marino Catarino, professor de Inteligência Artificial da Faculdade Eseg, do Grupo Etapa, afirma que profissões relacionadas à linguagem, como tradutores, jornalistas e roteiristas, são as mais afetadas por essa ferramenta.

“Embora não tenha sido criada com o propósito de causar desemprego, sua capacidade de automatizar funções e gerar conteúdo original tem levado à substituição de profissionais em diversas áreas”, explica.

“As profissões relacionadas à linguagem, como tradutores, jornalistas e roteiristas, são as mais afetadas. Setores de atendimento ao cliente, como telemarketing e call centers, também estão sendo substituídos gradualmente por IAs. Além disso, até mesmo algumas funções de tecnologia, como cargos de entrada para desenvolvedores e cientistas de dados, já estão sofrendo com essa automação.”

A tradutora autônoma Julia Franca Zorzal, de 25 anos, diz que a IA representa uma preocupação para o seu trabalho. Embora ressalte que o uso de ferramentas automatizadas não seja novidade na área de tradução, ela conta que a inteligência artificial está promovendo mudanças.

“Muitas empresas passaram a diminuir os valores pagos ao tradutor com o intuito de oferecer serviços mais baratos através do uso da IA. Além disso, surgiram as vagas de revisão de tradução de IA e treinamento de IA para tradução, que pagam menos ainda, apesar de ter complexidade semelhante, e não são os tipos de serviço que a maioria dos tradutores profissionais procura”, explica

A tradutora também pontua as diferenças percebidas com a popularização da tecnologia.

“Vejo colegas de profissão que estão na carreira há muitos anos comentando a queda em seus volumes anuais de serviço, assim como a pressão para diminuição das tarifas. Também já vi casos de legendas autorais que foram usadas para alimentar a IA, o que, pela falta de regulamentação, pode acontecer com qualquer tipo de texto e imagem”, alerta.

A ilustradora editorial, animadora 2D e artista freelancer Karen Muller, de 25 anos, garante que já é possível notar grandes mudanças promovidas pela inteligência artificial.

“É impossível negar que a IA mudou muito o andar das coisas. No meu emprego como ilustradora editorial, por exemplo, foi onde senti mais o impacto dessa mudança. Os superiores pediam que usássemos IA como parte do processo criativo, obrigatoriamente, nos forçando a aprender e a nos adaptar ao uso das ferramentas. Muito por conta do tempo que tínhamos para produzir as coisas, a pressão para usar IA era absurda!”, reclama a ilustradora.

O especialista Marino Catarino também menciona que, a longo prazo, segundo a projeção do Fórum Econômico Mundial, quase metade das tarefas administrativas e jurídicas poderá ser automatizada.

Segundo a fundadora e sócia de multinegócios Norma Waichert, a inteligência artificial torna mais vulneráveis os trabalhadores que atuam em funções de “baixo valor agregado e alta repetitividade”.

“O perfil de trabalhador mais vulnerável a ser substituído pela IA é o de pessoas com baixo nível de escolaridade e pouco acesso a treinamentos em tecnologia digital e gestão de pessoas. Áreas de suporte administrativo, atendimento e funções básicas de escritório, por exemplo, correm esse risco”, afirma. “Quanto à idade, o impacto não é necessariamente pela idade em si, mas pela resistência à adaptação e à inteligência emocional”, esclarece.

Para se protegerem de possíveis cortes relacionados ao uso da IA, Norma recomenda que sejam adquiridas novas habilidades, como aprender a usar a tecnologia como copilotos, e não como concorrentes, além de fazer cursos de transição de carreira e acompanhar a evolução da profissão. As informações são do jornal O Dia.

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