Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 15 de abril de 2023
Os resultados da inflação no Brasil e dos Estados Unidos abaixo do esperado pelo mercado abriram janelas de oportunidades de investimentos no exterior para os brasileiros. Na terça-feira, o dólar caiu 1,16% e voltou ao patamar de R$ 5. Já na quarta-feira, a queda foi ainda maior, de 1,32%, fechando a sessão com a cotação em R$ 4,94. É a primeira vez que a moeda norte-americana fica abaixo R$ 5 desde junho de 2022.
Dólar a R$ 5. Pode cair mais? A queda, segundo Marco Saravelle, sócio-fundador da BM&C e da Sara Invest e colunista do E-Investidor, permite aos investidores brasileiros elevarem posições no mercado norte-americano com um menor custo. “É um preço de dólar que estimula a acelerar os investimentos internacionais”, informou Saravalle durante participação no Gramado Summit 2023.
Vale lembrar que a cotação da moeda americana já vinha em queda há algumas semanas, depois de ultrapassar a faixa de R$ 5,27 na segunda quinzena do mês de março, como mostramos nesta reportagem. À época, a falência de bancos nos Estados Unidos e a crise no Credit Suisse ajudaram a ampliar a aversão a risco nos mercados internacionais, pressionando o câmbio e desvalorizando o real.
Na terça-feira, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março veio 0,71%, abaixo das expectativas do mercado. Já os dados do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) que a mede a inflação dos Estados Unidos também vieram abaixo das estimativas dos investidores. Em março, o CPI subiu 0,1%, enquanto as projeções apontavam um crescimento de 0,2%.
Os números sinalizam aos investidores que o ciclo de aperto monetário tanto no Brasil quanto nos EUA estão próximo do fim, o que favorece os investimentos em bolsa. No entanto, mesmo com um cenário favorável, Saravalle acredita que a moeda norte-americana não deve alcançar patamares mais baixos, como R$ 4,50.
Além disso, os investidores devem focar na diversificação e buscar empresas de setores mais estáveis diante da possibilidade de recessão nos Estados Unidos. “Não procurar apenas ações, mas também em renda fixa em dólar. Há títulos de dívidas de empresas brasileiras em dólar (como o Itaú) que, usualmente, pagam um retorno de 7% a 10% na moeda norte-americana”, ressaltou Saravalle.
Para Marcos De Marchi, economista chefe da Oriz Partners, há dois cenários que o investidor deve monitorar de perto, já que eles podem ampliar oportunidades com o dólar.
“Os sinais de desaceleração da economia americana reduz a força da moeda. O dólar pode continuar caindo se houver sinais de que o Fed [o Banco Central Americano] está muito perto do fim do ciclo de aperto monetário. Ou seja, de subir mais os juros”, diz.
O economista destaca ainda que a divulgação dos dados de vendas do varejo nessa sexta-feira poderia confirmar o desempenho baixo de março. “Se os números realmente forem fracos, o dólar pode depreciar ainda mais globalmente, além do Brasil”, afirma.