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Economia IPCA fica negativo em 0,02% em agosto, na primeira deflação desde junho de 2023

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Desempenho foi puxado por quedas no preço dos alimentos e na conta de luz. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado para observar o comportamento da inflação, ficou negativo em 0,02% de acordo com informações divulgadas pelo IBGE nessa terça-feira (10). O resultado veio menor que o esperado pelos analistas de mercado, que calculavam alta de 0,01%. É a primeira deflação desde junho de 2023.

* O desempenho foi puxado pela queda nos preços dos alimentos e bebidas (-0,44%) e na conta de luz;

* No ano, no entanto, a inflação acumulada é de 2,85%;

* Já nos últimos 12 meses, o acumulado é de 4,24%, abaixo do teto da meta de inflação para 2024.

O resultado vem após a previsão para 2024 da Selic, a taxa básica de juros, saltar de 10,5% para 11,25% ao ano, segundo o Boletim Focus. O relatório, que reúne as projeções de analistas de mercado, também revisou para cima a projeção do IPCA para o ano, de 4,26% para 4,3% no ano.

Na alimentação, houve queda nos preços da batata inglesa (-19,04%), do tomate (-16,89%) e da cebola (-16,85%). De acordo com Denise Cordovil, pesquisadora do IBGE, o clima mais ameno no meio do ano favoreceu a produção desses alimentos, contribuindo para a colheita e as safras.

“Houve um ganho de produtividade que aumentou a oferta de legumes e tubérculos, o que influenciou uma queda desses preços. Por outro lado, teve uma oferta mais limitada das frutas, também por conta do clima, que as afeta de forma diferente”, explicou.

Outro fator que influenciou a deflação do mês de agosto foi a mudança da bandeira tarifária de energia. Em julho, ela estava amarela, mas passou para verde no mês passado.

“A principal influência veio de energia elétrica residencial, com o retorno à bandeira tarifária verde em agosto, onde não há cobrança adicional nas contas de luz, após a mudança para a bandeira amarela em julho”, pontuou André Almeida, gerente da pesquisa.

Há três cores para as bandeiras tarifárias, que indicam cenários mais ou menos favoráveis de oferta de energia e mexem com a conta de luz. A verde significa que não há cobrança extra sobre o consumo, pois os reservatórios das hidrelétricas estão cheios e a situação de oferta de energia é confortável.

A bandeira amarela indica alguma preocupação com a geração de energia. Neste caso, as tarifas dos consumidores são acrescidas em R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos.

Já a bandeira vermelha aponta que há limitações de oferta, daí a necessidade de cobrança extra, para inibir o consumo. A bandeira vermelha no patamar 1, que entrou em vigor em 1º de setembro, significa um acréscimo de R$ 4,463 para cada 100 quilowatt-hora consumidos.

Analistas

Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, embora os resultados de agosto não tenho sido muito diferentes da projeção dos analistas, a expectativa era de que poderia haver uma deflação maior nos alimentos. Ele considera os resultados positivos, mas explica que isso não vai impedir o aumento dos juros nos próximos meses.

“Eu fiquei surpreso com os resultados qualitativos do IPCA de hoje, mas não alivia muito para o cenário inflacionário, deve ficar muito próximo do teto da meta até o final do ano. Ainda assim, é uma notícia positiva que dá uma leve aliviada para o Banco Central em um momento difícil e importante, uma semana antes da reunião do Copom. A gente só têm comentado sobre fatores que preocupam o BC, com a simetria altista para a inflação, e essa deflação com certeza é bem-vinda.”

O economista explica que, embora os resultados da inflação sejam importantes para a definição da taxa Selic, ainda existe todo um contexto que está influenciando nas previsões de aumento dos juros, como a questão fiscal, a desancoragem das expectativas e o câmbio, fatores que tornam difícil manter a taxa estável de 10,5%.

“Está cada vez mais difícil manter esse cenário de Selic estável, a gente está revisando, inclusive com o efeito pós-PIB, que veio surpreendentemente alto na semana passada, então é uma atividade econômica performando mais, então acabam entrando várias outras fatores.”

Para Cadilhac, os principais fatores de risco que podem levar a inflação a estourar o teto da meta esse ano são os alimentos, que já estão voltando a subir os preços, e a bandeira tarifária da energia elétrica, se continuar no vermelho nos próximos meses. Ambos estão relacionados à questão das secas e das queimadas.

Já para Reginaldo Nogueira, economista e diretor nacional do Ibmec, os resultados vieram em linha com a expectativa do mercado, que esperava um cenário de estabilidade. Ele acredita que o recuo um pouco maior, chegando em deflação, aconteceu porque a queda nos preços da energia elétrica teve um impacto no segmento de habitação maior que o esperado.

“É um resultado positivo, porque mostra estabilidade em agosto, e ajuda a retirar a inflação de um nível muito próximo do limite da meta, então dá um alívio, mas não é um número suficiente para alterar fundamentalmente o que a gente espera de inflação até o final do ano, que deve ficar na casa dos 4,3%”, explica.

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